Lula critica acordo com FMI e diz que FHC quer continuar no governo

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Publicado Sexta, 31 de Agosto de 2001 às 15:43, por: CdB

O acordo com o FMI foi alvo de ataques de Luiz Ignácio Lula da Silva, o virtual candidato à Presidência da República pela legenda do Partido dos Trabalhadores. Lula acusou o presidente Fernando Henrique Cardoso de querer continuar a governar o Brasil mesmo após deixar o cargo, o que ocorrerá em janeiro de 2003. Lula criticou a proposta do governo federal de repetir, em 2003 e 2004 - quando o sucessor de FHC já estará governando -, as metas de superávit fiscal acertadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Orçamento de 2002, que será votado em 2001. Ele não deixou claro se o PT, no poder, mexeria nos números, mas disse que "muitas coisas vão ter que passar por um processo de renegociação". "Minha avaliação é a de que o presidente Fernando Henrique Cardoso, por não poder aprovar no Congresso Nacional a sua nova disposição de concorrer às eleições, quer continuar governando o Brasil sem estar no poder", acusou o petista, que participou do seminário O Crime Organizado, promovido pelo Instituto Cidadania, ONG que comanda. "Ou seja: quer, na verdade, blindar o novo governo, quer amarrá-lo a uma orientação econômica dele, que é a razão pela qual a maioria do povo brasileiro é oposição hoje." Lula lembrou que o Orçamento é feito a cada ano, quando o Congresso Nacional tem oportunidade para mexer na proposta e aprová-la, por isso não caberia amarrá-lo agora. A sugestão de repetição das metas de superávit fiscal foi feita em um anexo de uma medida provisória editada para modificar a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2001, que ajuda na preparação do Orçamento do ano que vem. A sugestão de manutenção das metas é feita em um anexo da MP. O texto assinala que, no caso de 2003 e 2004, essas metas são "meramente indicativas". "Ele (o presidente) quer até indicar o presidente do Banco Central, daqui a pouco vai querer indicar ministro, vai querer indicar até o novo presidente da República", ironizou. Lula afirmou que "não se trata de ter ou não compromisso" com as metas fiscais. "Qualquer governo que entrar vai estabelecer um novo modelo de política econômica, um novo modelo de investimento, vai pensar que tipo de indústria a gente quer, que tipo de agricultura, quem é que vai receber o dinheiro público", declarou. "E, obviamente, tudo que tiver neste governo você vai ter que analisar, muitas coisas vão ter que passar por um processo de renegociação, e aí vale qualquer acordo." O petista também classificou de "imbecilidade" a proposta de manter o atual presidente do Banco Central, Armínio Fraga, no cargo. "Um Banco Central mais independente do que já é?", ironizou. "Um Banco Central que empresta R$ 2 bilhões para um gângster como o (Salvatore) Cacciola (ex-dono do Banco Marka, que fugiu o País acusado de crime, na ajuda que recebeu do BC em 1999) sem passar por nenhuma instância deste País? Um Banco Central que empresta R$ 30 bilhões para o Proer sem passar sequer pelo Congresso Nacional? Quer mais independência para quê? Só se for para vender a alma do povo brasileiro."

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