Lula defende a polarização entre forças políticas antagônicas

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Publicado Sábado, 23 de Novembro de 2019 às 16:00, por: CdB

“Aos que criticam ou temem a polarização, temos que ter a coragem de dizer: nós somos, sim, o oposto de Bolsonaro”, afirmou Lula.

 
Por Redação, com Reuters - de São Paulo
  O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na sexta-feira que o pior inimigo do Brasil é a desigualdade. O líder petista acredita que a polarização política não significa extremismo e o papel do PT é o de lutar contra as forças neofascistas que tentam avançar, na sociedade brasileira.
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Lula tem realizado uma série de discursos em que chama a sociedade brasileira a resistir ao fascismo
— O maior inimigo do Brasil hoje e desde sempre é a desigualdade. Se este país quer superar a chaga imensa da desigualdade, recuperar a soberania e o seu lugar no mundo, se quer voltar a crescer em benefício de todos os brasileiros e brasileiras, o Partido dos Trabalhadores é mais do que necessário: ele é imprescindível — disse Lula na noite de sexta-feira na abertura do 7º Congresso Nacional do PT.

Críticas

Em liberdade após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a prisão de condenados em segunda instância, depois de ficar preso 580 dias pela condenação no processo do tríplex do Guarujá (SP), Lula ja havia feito discursos que para críticos alimentaram ainda mais a polarização política, no Brasil. Lula aproveitou para rebater essas críticas e deixar claro que ele e o PT estão no polo oposto do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. — Agora nos dizem para não polarizar o país. Como se polarização fosse sinônimo de extremismo político e ideológico. Como se o Brasil já não estivesse há séculos polarizado entre os poucos que têm tudo e os muitos que nada têm. Como se fosse possível não se opor a um governo de destruição do país, dos direitos, da liberdade e até da civilização. Aos que criticam ou temem a polarização, temos que ter a coragem de dizer: nós somos, sim, o oposto de Bolsonaro — argumentou Lula.

Oposição

O ex-presidente aproveitou ainda a discussão que alguns grupos levantam sobre o formato da Terra para reforçar sua posição. — Andam negando essa verdade científica, mas a Terra é redonda e nós estamos, sim, em polos opostos: enquanto eles semeiam o ódio, nós vamos mostrar a eles o que o amor é capaz de fazer por este país — acrescentou. Mas Lula procurou não falar apenas aos petistas. Num aceno a outras forças políticas, o ex-presidente disse que “salvar o país da destruição e do caos social que este governo está produzindo não é tarefa para um único partido”, lembrando que quando o PT governou o Brasil o fez por meio de alianças e que o momento atual não permite o isolamento. — Por mais que tentem nos isolar, estamos juntos na oposição com partidos da centro-esquerda e estamos com os movimentos sociais, as centrais sindicais e importantes lideranças da sociedade — frisou.

Convulsão

Num momento em que os governos petistas são culpados pela grave crise econômica que o Brasil enfrenta há anos, Lula disse que a situação do país só não é pior por conta de conquistas do tempo em que ele e Dilma Rousseff comandaram o país, mencionando as reservas internacionais acumuladas no período, a abertura de mercados internacionais para produtos brasileiros e a descoberta do petróleo do pré-sal. No atual contexto da América do Sul, de protestos contra governos e distúrbios em alguns países, Lula disse que “o Brasil só não está passando por uma convulsão social extrema por causa da herança dos governos do PT”. — Porque não conseguiram acabar com o Bolsa Família, último recurso de milhões de deserdados. Porque milhões de famílias ainda produzem no campo, para onde levamos água, energia, tecnologia e recursos em nosso governo — lembrou.

Sem ódio

De olho no apoio dos jovens, Lula disse que eles têm papel fundamental no trabalho que precisa ser feito. — O Brasil precisa embarcar de volta para o futuro. E não tem ninguém melhor para pilotar essa máquina do tempo do que a juventude desse país — recomenda. Ao encerrar, Lula disse estar pronto para “contribuir” pela melhora do país, “sem ódio nem rancor”. — Hoje me coloco à disposição do Brasil para contribuir nessa travessia para uma vida melhor, vida em plenitude, especialmente para os que não podem ser abandonados pelo caminho. Sem ódio nem rancor, que nada constroem, mas consciente de que o povo brasileiro quer retomar a construção de seu destino — concluiu.
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