Lula encanta platéia de acadêmicos em Londres

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Publicado Segunda, 14 de Julho de 2003 às 17:31, por: CdB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou forte impressão e foi aplaudido de pé pela comunidade acadêmica internacional reunida nesta segunda-feira na London School of Economics and Political Science (LSE) para assistir a uma aula em que o governante expôs objetivos ambiciosos de liderança em política externa e de avanços na área social.

Em discurso ora lido ora improvisado, Lula expressou não só o desejo de alcançar maior integração no Mercosul e na América Latina como um todo, mas também de unir os países em desenvolvimento do mundo todo.

Lula arrancou fortes aplausos ao dizer que todos no Brasil já ouviram falar de maior integração na região, mas isso nunca ocorreu de fato "porque a elite que governou o Brasil durante décadas e décadas só olhava para a Europa e para os Estados Unidos e pouco olhou para a América do Sul".

Lula falou também sobre Oriente Médio, África, Europa e Estados Unidos, em um claro'esforço de campanha por um assento para o Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Para ele, é necessária a união dos países em desenvolvimento "por uma ordem política e econômica mais justa e democrática".

- Buscamos, para além da nossa região, estreitar o contato com grandes países em desenvolvimento como a China, a Rússia e porque não dizer a Índia. Tivemos a primeira reunião de chanceleres do Brasil, África do Sul e Índia, e conseguimos assim uma espécie de G3 do sul.

Apesar de ter sido o berço de importantes intelectuais socialistas no Reino Unido, atualmente a LSE é mais conhecida por suas tendências liberais. A instituição é reconhecida internacionalmente como um centro de excelência em economia e ciências sociais e atrai estudantes de todo o mundo.

Na avaliação do professor de política latino-americana da London School of Economics, Francisco Panizza, "a ascensão do presidente Lula confirma a imagem do Brasil como uma das democracias mais estáveis da América Latina. Há um enorme interesse internacional e enorme boa vontade em relação ao presidente Lula".

O ponto forte do presidente, na opinião do Panizza, é sua habilidade em cativar audiências que variam do Fórum de Porto Alegre a Davos. O professor acrescentou que o Brasil tem sorte por ter tido dois presidentes consecutivos de alto prestígio internacional, referindo-se a Fernando Henrique Cardoso e Lula.

- Talvez a maior diferença em relação a Cardoso seja o fato de que a prioridade renovada que o novo governo (de Lula) está dando ao Mercosul, aliada à extraordinária popularidade do presidente na região, pode permitir que o Brasil exerça uma forte liderança regional e contribuir para o objetivo de longo prazo do país de obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU - disse o professor.

Já para Lula, as "diferenças" com relação a FHC, que recentemente também participou de palestra com acadêmicos da LSE, são de outro naipe. O atual presidente não perdeu a chance de dar mais uma estocada ao dizer:
- Tenho certeza de que Tony Blair (o primeiro-ministro britânico) durante anos fez juízo ao meu respeito pelo que o presidente Fernando Henrique Cardoso disse a ele, reclamou Lula.

Ele acrescentou que não se pode formar opinião sobre alguém sem que se conheça o indivíduo pessoalmente, e assumiu que ele mesmo fazia juízo de Blair pelas mateiras que lia na imprensa brasileira, o que agora acha incorreto. Como de praxe, Lula também voltou a dizer que herdou de FHC um país em difícil situação econômica.

A LSE teve de mudar a aula pública de Lula para um teatro maior do que o escolhido inicialmente devido à enorme demanda por ingressos. Os estudantes que não conseguiram um ingresso fizeram uma fila de mais de um quarteirão para tentar obter lugares em razão de possíveis desistências. A escola colocou um telão em um outro teatro para os que não obtiveram um lugar.

Os estudantes ficaram impressionados com o carisma e o tom decidido do

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