O PSB, partido com o qual Meirelles marcou uma reunião ainda nesta tarde, tem demonstrando forte oposição à reforma, apesar de compor a base aliada do governo
Por Redação - de Brasília
Ocupante do Ministério da Fazenda, o economista Henrique Meirelles prosseguiu com a rodada de conversas com parlamentares, nesta terça-feira. O motivo dos encontros é a tentativa de convencê-los quanto à necessidade de mexer nas regras para aposentadoria. Mas a resistência aumenta no Congresso. O PSB, partido com o qual marcou uma reunião ainda nesta tarde, tem demonstrando forte oposição à reforma, apesar de compor a base aliada do governo.
— Nós somos radicalmente contra essa mudança na Constituição porque ficará vulnerável a maioria do povo brasileiro e nós não podemos concordar com uma mudança dessa natureza — afirmou a vice-líder do partido na Casa Janete Capiberibe (AP).
Decisão tomada
Segundo a deputada, o partido deverá fechar uma posição formal contrária à reforma da Previdência. A decisão foi tomada após reunião, na quinta-feira. Nesse momento, ficou claro o posicionamento majoritário dos parlamentares, incluindo senadores.
— Somos 35 deputados. Eu te afirmo que mais de 20 são contra — acrescentou ela.
No Senado, o partido conta com sete parlamentares. Ainda nesta terça-feira, o PSB divulgou nota na qual informa que, a partir agora, os filiados serão convidados "a opinar sobre o assunto em uma consulta por email”. Na quinta-feira o partido vai abrir para a participação livre dos internautas por meio das redes sociais da legenda.
Consulta popular
"O resultado desse levantamento, somado às opiniões de parlamentares e dirigentes, servirá de subsídio para a decisão final do partido que será tomada pela Executiva Nacional", diz a nota do PSB.
Também vice-líder do PSB na Câmara, o deputado Heitor Schuch (RS) afirmou que a regra de transição proposta pelo governo é injusta. Defendeu ainda que a inclusão de trabalhadores rurais no limite mínimo de 65 anos para aposentadoria é uma penalização excessiva.
Schuch criticou o endurecimento proposto pelo governo para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado para idosos e pessoas com deficiência, e a ausência de iniciativas para elevar as receitas previdenciárias, acabando, por exemplo, com isenções.
— O projeto que está aí precisamos enterrar a sete palmos do chão — disse.
Problemas à frente
A resistência dos parlamentares do PSB ilustra o duro caminho que deverá ser enfrentado pelo governo para aprovar a reforma que considera crucial para o reequilíbrio das contas públicas.
Na semana passada, Meirelles já havia intensificado o corpo a corpo junto a deputados. Ele tentagarantir a aprovação da reforma da Previdência sem grandes desfigurações.
O ministro sinalizou repetidas vezes que a diluição do texto para amainar resistências não resolveria o problema fiscal do país. Nos bastidores, contudo, o governo tem admitido que é possível negociar pontos da reforma e que há "gordura para queimar".
O atual texto prevê que somente homens acima de 50 anos e mulheres com mais de 45 são aceitos no regime de transição. E para isso, terão que pagar um pedágio de 50% sobre o tempo faltante para a aposentadoria. Todos os demais estarão sujeitos às novas regras, podendo se aposentar a partir de 65 anos. Desde que tenha realizado contribuição mínima de 25 anos.