Durante os governos Lula e Dilma, o oligárquico jornal Estadão fez de tudo para desestabilizar política e economicamente o país, como já havia feito no passado contra Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart. Membros da famiglia Mesquita chegaram a carregar cartazes nas marchas golpistas pelo impeachment da presidenta. O decadente diário difundia a seus leitores mais tacanhos que bastava derrubar Dilma Rousseff, e prender Lula, para a economia voltar a crescer.
Por Altamiro Borges - de São Paulo
Essa linha editorial falsa e irresponsável ajudou a alçar ao poder a quadrilha de Michel Temer e a criar o clima fascistoide na sociedade que permitiu a eleição de Jair Bolsonaro. A ascensão destes dois “laranjas do deus-mercado”, porém, não resultou na retomada da economia. Pelo contrário. O Brasil afunda celeremente. E agora o Estadão, que ajudou a criar o caos político e econômico no país, mostra-se decepcionado. O dramático editorial publicado na quinta-feira deveria vir acompanhado de uma autocrítica sincera. Mas aí seria esperar demais da decrépita e falida famiglia Mesquita.A frustração do “deus-mercado”
A enorme decepção do Estadão expressa o sentimento de parcela da elite empresarial, ou melhor, da cloaca burguesa nativa. Na sexta-feira passada, o Bradesco revisou para baixo a sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), prevendo que ele será de apenas 1,1% em 2019, corte de 0,8% da previsão do mês passado. Em abril, o Santander e o Itaú já tinham cortado as estimativas para 1,3%. Estas previsões fizeram a Folha, outro jornal que apostou na via golpista, a decretar que “a percepção de que o Brasil terá mais um ano perdido na economia se espalhou entre analistas de mercado, que promovem cortes sucessivos nas previsões de crescimento do PIB de 2019”. Tendo como base as estimativas do Boletim Focus, do Banco Central, o jornal afirma que “o crescimento do PIB será 40% menor que o previsto no começo de janeiro (2,5%), quando o mercado ainda alimentava a euforia com o recém-empossado governo de Jair Bolsonaro (PSL) e sua equipe econômica dos sonhos. Em 2018, corte da mesma magnitude só ocorreu em junho, um mês depois de a paralisação dos caminhoneiros travar a economia em um momento em que o país sofria também com a turbulência vinda do exterior, pela alta de juros nos Estados Unidos”. Esse pessimismo deve crescer ainda mais com o anúncio do PIB do primeiro trimestre, que será divulgado pelo IBGE no final deste mês. “Baseado nos dados econômicos conhecidos, como produção industrial e vendas no varejo do período, a projeção é que ele tenha caído 0,2%. O tombo do primeiro trimestre é especialmente frustrante porque mostra uma reversão de expectativas muito rápida. Os indicadores de confiança, que vinham em alta até janeiro, recuaram para níveis pré-eleitorais, e a avaliação do presidente foi posta em xeque rapidamente”. Altamiro Borges, é jornalista.As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil