Moro se atrapalha e defesa de Lula desmonta o processo sobre triplex

Arquivado em:
Publicado Terça, 14 de Fevereiro de 2017 às 12:31, por: CdB

Segundo o advogado, o procedimento adotado pela OAS é incompatível com a tese de acusação contra Lula, no julgamento de Moro

 

Por Redação - de Curitiba e São Paulo

 

O processo penal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o caso do triplex do Guarujá, entra em sua fase final, após os depoimentos de testemunhas de defesa. Mas aumenta o nível de enfrentamento da defesa ao juiz Sérgio Moro, titular da ação montada a partir da Operação Triplo X, da Polícia Federal. Entre os depoimentos colhidos, o advogado Cristiano Zanin Martins destacou que há novamente revelações que destroem a base da acusação contra Lula.

zanin.jpgZanin e Moro bateram boca durante o depoimento de testemunhas de defesa do ex-presidente Lula

— O depoimento de Adriano Pires Ribeiro esclareceu que a partir de 2008, a OAS passou a fazer exames de viabilidade para assumir alguns empreendimentos pela Bancoop. Ele também esclareceu que a OAS impôs como condição para assumir esses empreendimentos que houvesse um patamar mínimo de 90% de adesão dos cooperados — afirmou Zanin, em um vídeo distribuído na manhã desta terça-feira.

Segundo o advogado, o procedimento adotado pela OAS é incompatível com a tese de acusação contra Lula.

— No sentido de que dona Marisa teria em 2005 comprado uma cota da Bancoop já sabendo que iria receber em 2009 um imóvel diferente daquele que a sua cota daria direito — afirmou. 

Neófito

Também foi ouvido na mesma ação penal o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, que negou ter sido orientado por Lula para cometer atos ilícitos. Durante o depoimento de Gabrielli, o juiz Sergio Moro voltou a discutir com os advogados de Lula, que o acusaram de ser inquisidor.

Gabrielli, negou ter recebido orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para cometer atos ilícitos na estatal e disse que indicações para cargos da empresa são uma tradição. O ex-presidente da Petrobras afirmou, na condição de testemunha de defesa do ex-presidente Lula, que as indicações para os cargos diretivos da Petrobras são uma tradição desde a criação da estatal. Os ex-diretores Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costas tinham história dentro da companhia antes de chegarem a cargos de diretoria.

— O Paulo Roberto Costa não era um neófito na Petrobras, é um engenheiro de longa tradição e não demonstrava nenhum comportamento que ele veio confessar depois. Uma pessoa pacata, cumpridora dos seus deveres e não demonstrava nenhum comportamento ilícito. Nestor Cerveró também era um diretor de longa tradição na Petrobras. E era um diretor que na área internacional cumpriu as determinações da empresa — disse Gabrielli.

Cerveró e Paulo Roberto, condenados na Lava Jato, fecharam acordo de delação premiada em que reconheceram práticas criminosas.

Entrevero

Os advogados do ex-presidente Lula acusaram Moro de agir como um "inquisidor" ao fazer perguntas a Gabrielli. Moro negou, disse estar apenas fazendo perguntas e pediu respeito ao juízo.

Depois de os advogados de defesa e dos Ministério Público dirigirem perguntas a Gabrielli, foi a vez de Moro. Ele perguntou ao ex-presidente da Petrobras sobre a aprovação do nome de Jorge Zelada para a diretoria internacional da estatal. O nome foi aprovado pelo conselho diretor da empresa que à época era presidido por Gabrielli. Zelada substituiu Cerveró no cargo.

Gabrielli argumentou que houve uma "redefinição" da diretoria internacional. Por isso, afirmou, houve a mudança no comando da diretoria e a nomeação de Zelada para o cargo. O ex-presidente da Petrobras, no entanto, não soube dizer de quem era a indicação. Disse que foi o então presidente do conselho e ministro da Fazenda à época Guido Mantega quem sugeriu o nome.

Inquisidor

Moro insistiu se, como membro da conselho, Gabrielli não deveria ter se informado sobre as razões da nomeação de Zelada. Nesse momento, a defesa de Lula disse que o juiz estava tentando induzir as respostas.

— As perguntas já foram respondidas — disse o defensor.

Moro, por sua vez, negou que estivesse induzindo.

— Ouvi pacientemente as perguntas da defesa e do Ministério Público e estou fazendo as minhas perguntas — rebateu o magistrado.

Ato seguinte, o advogado retruca:

— A suas perguntas são de um inquisidor e não de um juiz.

Moro pediu respeito ao juízo.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo