A Nasa iniciou na terça-feira um programa de três anos com o qual pretende modificar sua cultura de trabalho. A medida foi provocada por uma nova pesquisa que concluiu que a agência espacial norte-americana às vezes ainda não consegue seguir padrões de segurança, mais de um ano depois do acidente com o ônibus espacial Columbia.
A mudança na cultura organizacional é uma das principais recomendações dos investigadores que analisaram o acidente de 1de fevereiro de 2003, que matou sete astronautas.
Os investigadores criticaram a Nasa no ano passado pelo descaso com a segurança, que segundo eles foi um fator tão importante para o acidente quanto qualquer problema técnico.
``A segurança é algo com que o pessoal da Nasa está fortemente comprometido como conceito, mas a Nasa ainda não criou uma cultura que apóie totalmente a segurança'', disse o relatório da pesquisa, de 145 páginas. ``A comunicação aberta ainda não é norma, e as pessoas não se sentem totalmente confortáveis de levar preocupações de segurança à administração.''
O diretor da agência, Sean O'Keefe, prometeu seguir as recomendações desse plano, que começa com uma série de reuniões e treinamentos administrativos nos próximos cinco meses.
Em seguida, será posto em prática um plano de longo prazo para a mudança na cultura, segundo o relatório da pesquisa, que foi feita pela empresa BST, da Califórnia, especializada na aplicação das ciências comportamentais a corporações.
``Precisamos criar um clima em que a comunicação aberta não só seja tolerada, mas seja ativamente estimulada'', disse O'Keefe. ``A liderança precisa assumir isso, a começar por mim.''
O veterano astronauta Jim Weatherby disse que a própria cultura permissiva da Nasa precisa ser modificada, especialmente quando se trata de encorajar a manifestação de pessoas preocupadas com a segurança.
``Nossa cultura predominante nos últimos 45 anos foi a da 'missão cumprida' -- cara, realmente fazemos as coisas,'' disse ele. ``Se você é alguém que está retardando o processo, não são só os gerentes que pressionam para não falar, às vezes são os colegas.''
A causa concreta da desintegração do Columbia em sua volta à atmosfera foi a queda de um pedaço da espuma isolante do tanque externo, que atingiu a asa esquerda da nave. Os outros três ônibus da agência estão fora de serviço desde então, com um vôo marcado para março de 2005 -- data que pode ser alterada.
O'Keefe disse neste mês a parlamentares que as melhorias na segurança recomendadas após o acidente podem custar até 700 milhões de dólares, distribuídos ao longo de três anos. Ele promete repetidamente que as recomendações da comissão serão seguidas ao pé da letra.