Onda de lama enterra hidrelétrica de Retiro Baixo e chegará à represa de Três Marias

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Publicado Sábado, 26 de Janeiro de 2019 às 15:04, por: CdB

Nesta manhã, a principal empresa do grupo Eletrobrás informou que foram paralisadas as operações das duas turbinas na hidrelétrica Retiro Baixo, que funciona no rio Paraopeba, em Minas Gerais.

 
Por Redação - do Rio de Janeiro
  A onda de lama que chegará nos próximos quatro, cinco dias à hidrelétrica Retiro Baixo vai transformar aquele empreendimento em um reservatório de rejeitos tóxicos e causará um prejuízo bilionário à estatal Furnas Centrais Elétricas, segundo especialistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, ao longo deste sábado.
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A lama desce o Rio Paraopeba, rumo à Hidrelétrica de Retiro Baixo, que já se encontra desativada A represa de Três Marias, no Rio São Francisco, fica a apenas cinco quilômetros de Retiro Baixo
Nesta manhã, a principal empresa do grupo Eletrobrás informou que foram paralisadas as operações das duas turbinas na hidrelétrica Retiro Baixo, que funciona no rio Paraopeba, em Minas Gerais. A paralisação é uma medida preventiva, para evitar que o rejeito da barragem de Brumadinho possa comprometer sua estrutura. — A operação de Retiro Baixo está, definitivamente, comprometida por décadas — afirmou o economista Gustavo Cunha Mello, com mestrado em Gerenciamento de Riscos pela COPPE-UFRJ.

Barragem

A concessionária Retiro Baixo Energética, formada por Furnas (49%), Cemig (49,9%) e Orteng (1,1%), declarou ainda que já tomou as primeiras providências para conter a lama. "Foi interrompida a operação da usina, realizados testes de vertedouro e fechadas as tomadas de água para preservar os equipamentos”, diz nota da companhia. A empresa está em contato com as autoridades para avaliar os reflexos causados pelo deslocamento da lama e tomar novas providências. Uma equipe da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) seguia, neste sábado, para a região para acompanhar o trabalho de contenção.
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A hidrelétrica tinha potência de 82 megawatts (MW) e está localizada na região dos municípios mineiros de Pompéu e Curvelo, a cerca de 220 quilômetros de Brumadinho. A Agência Nacional de Águas (ANA) declarou que a barragem "possibilitará amortecimento da onda de rejeito" e que a onda de lama deverá atingir a usina daqui a dois dias. A estatal monitorava o avanço da lama desde a tarde desta sexta-feira, após o rompimento da barragem.

Meio ambiente

Os técnicos da hidrelétrica de Retiro Baixo realizavam, no local, o monitoramento do mexilhão dourado, uma espécie invasora que chegou na América do Sul através da água de lastro de navios que vieram da Ásia. O mexilhão dourado esta presente em algumas bacias localizadas mais ao sul do país desde 1991. Com o desastre ambiental, parte da pesquisa fica, definitivamente, prejudicada A equipe de funcionários da hidrelétrica tinha como propósito “gerar energia elétrica dentro de padrões tecnológicos avançados que garantam a melhor utilização dos recursos naturais, preservando o meio ambiente e a cultura da comunidade local”. “Tornar-se exemplo de instalação harmônica, entre a geração de energia hidroelétrica e o meio ambiente, cumprir as normas ambientais estabelecidas e propiciar condições para a conservação da ictiofauna, com projetos e ações que visam atenuar os impactos causados ao meio ambiente”, pontua a empresa, em nota pública.

Hidrelétrica

Retiro Baixo é a primeira hidrelétrica do Rio Paraopeba, que nasce no município de Cristiano Otoni e percorre 512Km de extensão até seu encontro, apenas 5km abaixo, com o Rio São Francisco, na Represa de Três Marias, a maior hidrelétrica mineira e uma das maiores da Região Sudeste. Retiro Baixo esta localizada próximo ao município de Felixlândia, a aproximadamente a 5Km de distância do remanso da UHE Três Marias. A estatal Furnas assumiu 49% da usina hidrelétrica de Retiro Baixo, em Minas Gerais, cuja concessão foi adquirida pelo grupo nacional Orteng no último leilão de energia nova, feito em 16 de dezembro do ano passado. Furnas assumiu o compromisso de investir cerca de R$ 200 milhões na construção do projeto, que tem 82 megawatts (MW) de potência. Além disso, a estatal será a responsável pela operação da hidrelétrica. Sob gestão da Orteng Equipamentos e Sistemas — um conglomerado brasileiro fornecedor de equipamentos elétricos e eletromecânicos e de sistemas de energia e automação — apesar de minoritária com 1,1% das ações, a empresa não tem experiência em geração hidrelétrica. O grupo atua no segmento de transmissão de energia, no qual possui participação nos consórcios Transleste, Transudeste e Transirapé.
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