Pai de Mauro Cid é suspeito de cometer crime, em cargo oficial

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Publicado Terça, 16 de Abril de 2024 às 13:26, por: CdB

Há indícios de que o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, tenha usado a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) no esquema de vendas dos presentes recebidos pelo então presidente Bolsonaro.


Por Redação, com RBA - de Brasília


O general Mauro Cesar Lourena Cid pode ter usado a estrutura do escritório de Miami da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) no esquema de venda de joias presenteadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O militar, que comandava o escritório da Apex em Miami, permaneceu no posto até 3 de janeiro, após a troca do comando da agência com a posse do governo Lula.




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General Cid teria usado celular da Apex para fotografar joias que Bolsonaro recebeu e negociá-las nos Estados Unidos

O general Cid é pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A Polícia Federal (PF) passou a investigar o general após descobrir, em diálogos de WhatsApp, que ele ajudou o filho na negociação desses itens nos Estados Unidos.


De acordo com informações obtidas pelo portal Uol, mesmo após a sua demissão, o general continuou usando por alguns meses o telefone celular corporativo da Apex e seu passaporte oficial, com visto de trabalho para a agência.


Funcionários da Apex chegaram a trocar mensagens comentando o uso irregular dos equipamentos da agência. Os relatos apontam que o general teria inclusive feito uso do celular funcional para fotograr as joias. Numa das fotos, é possível observar o rosto do general num dos itens que pai e filho tentavam negociar no exterior.


Ainda no ano passado, Mauro Cid confessou que entregou “nas mãos” de Bolsonaro o dinheiro da venda de relógios de luxo recebidos como presentes de Estado. Ele admitiu que participou da venda de dois relógios de luxo, um Patek Philippe e um Rolex, que teriam totalizado US$ 68 mil.



Exportação de joias


Conforme relato dos funcionários, o general teria resistido em devolver o aparelho à Apex, o que foi feito somente em março de 2023. Assim, há indicações de que, nesse período, ele teria frequentado o escritório da agência e pressionado funcionários por ajuda para apagar itens do aparelho e do computador que usava no local.


Em agosto de 2023, Mauro Cid e o pai foram alvos de operação da Polícia Federal que investigava a venda de presentes do governo no exterior. Na ocasião, o representante da Apex em Miami, Fernando Spohr, compartilhou uma notícia sobre o episódio. Foi então que outros dois funcionários, Michael Rinelli e Paola Bueno, comentaram:


Michael Rinelli (12h54): Dá para reconhecer até o telefone na foto.
Catiane (12h55): Telefone da Apex?
Michael Rinelli (13h02): Eu acho que o próprio, aquele que ele não queria devolver, mas a Paola trancou ele na sala e não deixou sair enquanto ele não entregou o telefone
Michael Rinelli (13h09): kkk


Na sequência, Rinelli ainda ironizou a atuação de Cid pai. “O general atendeu plenamente as metas de aumentar as exportações brasileiras de relógios e obras de arte para os Estados Unidos”.



Depoimentos


Na semana passada, os três estiveram em Brasília para dar explicações numa comissão instalada pela Apex sobre o caso. Ao mesmo tempo, eles também foram convocados pela PF. Os investigadores questionaram se o general Cid utilizou as dependências da agência para guardar os presentes que eram objeto das negociações.


Além disso, outro tema dos depoimentos foi a participação do general Cid no acampamento golpista no quartel-general do Exército, em Brasília. Ele é suspeito de utilizar a estrutura da agência para pagar viagem à capital federal, em dezembro de 2022, quando esteve no acampamento golpista. Os policiais também investigam se ele usou recursos da agência para pagar despesas de pessoas externas ao quadro da Apex.


Na semana que vem, investigadores da PF irão até os Estados Unidos para realizar as últimas diligência sobre o caso da venda das joias. Nesse sentido, eles devem receber informações do FBI, que também investiga o episódio. Anteriormente, as autoridades estadunidentes encaminharam ao Brasil documentos e informações bancárias dos envolvidos. Agora eles devem fazer diligências de campo, inclusive entrevistas e colheita de depoimentos, em operação conjunta com os brasileiros.






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