Os injustos critérios da nova Copa do Nordeste

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Publicado Terça, 21 de Fevereiro de 2017 às 06:31, por: CdB

“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”. O pensamento do educador brasileiro Paulo Freire se aplica em diversas searas, inclusive no esporte e especificamente nas mudanças anunciadas na Copa do Nordeste

 

Por Fernando Graziani - de São Paulo:

Dos 20 clubes que terão vaga para a competição a partir de 2019, apenas nove vão seguir o critério técnico. Serão os respectivos campeões estaduais de cada um dos estados nordestinos. Os 11 restantes (três com vaga direta e oito para uma fase mata-mata de onde saem quatro para totalizar 16) ganharão lugares de acordo com suas posições no ranking nacional de clubes da CBF.

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Dos 20 clubes que terão vaga para a competição a partir de 2019, apenas nove vão seguir o critério técnico

Os grandes acertos da volta aos 16 clubes na fase de grupos e da criação de um Pré-Nordestão ficaram em segundo plano. Especialmente porque os critérios escolhidos para a composição do relevante torneio passam a ser poder político, corporativismo e capacidade de gerar audiência nos meios de comunicação.

A adoção do ranking nacional para boa parte das vagas elitiza e elimina o enfrentamento técnico puro da temporada anterior. Deixando complicadíssima a chance de uma equipe menor participar. Já que a mobilidade do ranking é quase nula. Um exemplo: Fortaleza ou Ceará podem ficar em sétimo lugar no estadual. Mas estarão na Copa do Nordeste sem qualquer problema no ano seguinte por causa do ranking.

Clubes grandes do Nordeste

Assim, os clubes grandes do Nordeste, que insistentemente reclamam. Com dose de razão, do tratamento desigual em competições nacionais. Com divisão de receitas, captação de patrocínio, impacto decisório e da impossibilidade de crescimento real. Pavimentam caminhos idênticos regionalmente: impedem que qualquer outra força apareça e garantem vagas ainda que façam trabalhos pífios.

Não há o objetivo de cultivar um crescimento igualitário dos clubes da região. Há, sim, um anseio de dirigentes e muitos torcedores que apoiaram as mudanças em replicar o que ocorre no âmbito nacional. Desta forma, invertem a posição que ocupam na pirâmide nacional realizando agora o desejo de agirem como aqueles que hipocritamente atacam, transformando-se em opressores.

Fernando Graziani é jornalista.

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