Para OAB e políticos declaração de 02 é ataque à democracia

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Publicado Terça, 10 de Setembro de 2019 às 09:26, por: CdB

"Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!", disse Carlos Bolsonaro.

Por Redação, com DW e Reuters - de Brasília Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro pelo PSL e filho do presidente Jair Bolsonaro, afirmou no Twitter, nesta segunda-feira, que "por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos... e se isso acontecer."
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Após declaração de Carlos Bolsonaro, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, disse que "não há como aceitar uma família de ditadores"
Em seguida, escreveu: "Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!" A declaração foi interpretada como um ataque à democracia pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por parte das forças políticas do país, que reagiram lembrando do valor desse sistema. Em resposta, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, afirmou, ao diário paulistano Folha de S.Paulo, que "não há como aceitar uma família de ditadores”. "É hora dos democratas do Brasil darem um basta. Chega", disse. Santa Cruz já havia sofrido ataques de Jair Bolsonaro, em função da prisão e assassinato de seu pai Fernando Santa Cruz, em 1974, por agentes da ditadura militar. Em julho, o presidente disse que sabia como Fernando havia desaparecido e que seu filho "não vai querer ouvir a verdade", o que provocou repúdio de diversos políticos e entidades. O presidente da OAB acionou o Supremo Tribunal Federal. Questionado pela Corte, Bolsonaro disse que não teve intenção de ofender e que se limitou a expor sua "convicção pessoal em função de conversas que circulavam à época". Nesta segunda-feira, menos de duas horas depois da postagem de Carlos Bolsonaro, o PSDB também reagiu. Em nota, afirmou que "figuras autoritárias insistem em transformações que não sejam pelas vias democráticas". Os tucanos lembraram que, "por vias democráticas o brasileiro elegeu presidentes, apoiou impeachment dos que cometeram irregularidades [...], elegeu Bolsonaro e tirou o PT." A declaração de Carlos Bolsonaro também foi criticada por políticos mais à esquerda. Erika Kokay, deputada federal pelo PT do Distrito Federal, afirmou que o filho do presidente havia feito "apologia ao golpe" e que, por meio da sua postagem, "o fascismo mostra sua cara e arreganha os dentes". Sâmia Bomfim, deputada pelo PSOL de São Paulo, disse que a declaração de Carlos Bolsonaro era um "inequívoco ataque à democracia" e pediu "unidade" entres forças opositoras ao governo. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, também reagiu à manifestação de Carlos Bolsonaro, fazendo um apelo por uma "aliança democrática" que faça frente ao governo, "para o país não implodir". Ele aproveitou a oportunidade para criticar a atuação do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente, a respeito do pedido de instalação da CPI da Lava Toga, que serviria para investigar a atuação de membros do Poder Judiciário. "O 02 [como Carlos é chamado pelo presidente, por ser seu segundo filho] diz que não acontecerá transformação por vias democráticas. Fiquei na dúvida: ele está criticando o próprio irmão, que se utiliza do jogo democrático e trabalha para retirar assinaturas da CPI da Lava Toga?", escreveu Randolfe. Carlos Bolsonaro também recebeu o apoio de alguns membros do seu partido. Daniel Silveira, policial militar e deputado federal pelo PSL-RJ, escreveu que o filho do presidente "não incitou a nada". "Tão somente clarifica que o sistema 'democrático' do Brasil possui entraves infindáveis ao progresso do correto", afirmou. Carlos Bolsonaro pediu licença não remunerada da Câmara dos Vereadores (RJ). Ofício foi enviado no último dia 6 ao presidente da Câmara, Jorge Felippe. Bolsonaro segue sem previsão de alta O presidente Jair Bolsonaro apresenta contínua melhora 48 horas após ter passado por cirurgia para correção de uma hérnia, e vai retomar a Presidência a partir de quinta-feira, apesar de ainda não ter uma previsão de alta, disseram os médicos responsáveis e o porta-voz da Presidência nesta terça-feira. egundo o boletim do hospital Vila Nova Star, em São Paulo, Bolsonaro permanece afebril e dormiu bem e acordou disposto. “O paciente seguirá com estímulo de caminhada pelo corredor e poderá tomar banho de chuveiro. Serão mantidas medidas de prevenção de trombose venosa profunda. As visitas continuarão restritas”, disseram os médicos. De acordo com o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, a alta de Bolsonaro vai ocorrer no momento que os médicos considerarem adequado que o presidente possa viajar de volta para Brasília, sem a necessidade de permanecer em São Paulo.
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