Paralisação no dia 30 fica mantida e centrais sindicais iniciam movimento

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Publicado Segunda, 26 de Junho de 2017 às 10:48, por: CdB

Na próxima sexta-feira, bancos fecham e trabalhadores tendem a ocupar as principais cidades do país, na paralisação comandada pelas centrais sindicais.

 

Por Redação - de São Paulo

 

O Sindicato dos Bancários, nas principais capitais do país, soma-se aos demais trabalhadores na divulgação da Greve Geral marcada para a próxima sexta-feira. O movimento, aprovado na semana passada em plenária realizada junto às centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais, como Brigadas Populares, Levante Popular da Juventude, Via Campesina, entre outros, tem amplitude nacional.

cut1.jpgParalisação coordenada pelas centrais sindicais protesta contra reformas trabalhista e previdenciária

A mobilização dos movimentos sociais, centrais e sindicatos em suas bases se intensifica. Ao longo da semana, além de panfletagem em espaços públicos, haverá a convocação direta dos trabalhadores e trabalhadoras para a Greve Geral. Embora as principais centrais sindicais tenham evitado usar o termo, em reunião na sede do Dieese, em São Paulo, na última sexta-feira, reafirmaram disposição de "parar o Brasil". A reunião teve a presença de representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Ainda nesta segunda-feira, os presidentes das entidades pretendem se reunir com líderes partidários no Senado, onde tramita o PLC 38, de "reforma" da legislação trabalhista. Depois de passar por duas comissões, o texto está agora na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa. A matéria deverá ser votada nesta terça-feira.

Reformas ativas

As centrais destacaram a vitória obtida na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). O relatório governista foi derrotado, mas observam que tanto a reforma trabalhista como a da Previdência, na Câmara, ainda não foram "enterradas". 

Na última sexta-feira, dirigentes mostraram visões diferentes quanto ao formato do dia 30, que chegou a ter indicativo de greve geral e assim foi divulgado em algumas categorias. Prevaleceu a visão de que é melhor organizar manifestações e preparar, conforme a conjuntura, um movimento de proporção maior no segundo semestre.

A tendência é de que a sexta-feira que vem tenha  paralisações pontuais, sem interrupção do transporte coletivo. "Estamos certos de que a unidade de ação é crucial na luta sindical sobretudo em momentos conturbados como o que atravessamos", afirmaram as centrais, em nota.

Dificuldade real

Nesta semana, sindicalistas de vários sindicatos ligados ao setor de transporte participaram de uma plenária em São Paulo, para discutir uma possível adesão ao movimento.

— Acredito que temos uma dificuldade real — observou o presidente da Nova Central no Estado, Luiz Gonçalves, o Luizinho. Ele observa que os trabalhadores têm disposição de parar, mas o movimento está vinculado à agenda do Congresso Nacional. É onde são discutidas as reformas.

Os metroviários de São Paulo, em assembleia, aprovaram indicativo favorável à participação no dia 30. Mas a definição sairá de nova assembleia, marcada para quinta-feira.

— A UGT vai jogar pesado na mobilização, parando categorias — afirmou durante a reunião o secretário-geral da entidade, Francisco Canindé Pegado.

Centrais sindicais

Para Luiz Carlos Prates, um dos coordenadores nacionais da CSP-Conlutas, “a vitória que tivemos (na CAS do Senado), ainda que parcial, dá mais ânimo".

"O governo tentou ensaiar uma recuperação econômica do Brasil", comentou o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira. Ele acrescenta que apenas do último trimestre do ano passado para o primeiro deste ano o país teve acréscimo de 1,1 milhão de desempregados, para um total recorde de 14 milhões.

— Na nossa opinião, o governo Temer está caindo pelas tabelas. A pressão se faz na medida em que as ruas gritam — afirmou.

"Estamos vivendo um período de grandes jornadas de luta", acrescenta o vice-presidente da CTB Nivaldo Santana. A central tem realizado congressos estaduais, preparando-se para o encontro nacional de 24 a 26 de agosto, em Salvador.

— A orientação da CTB tem sido bastante clara: participar das jornadas de junho — lembrou Nivaldo. Para ele, o foco da discussão não é saber que o ato do dia 30 será maior que o de 28 de abril, mas manter a pressão contra as reformas e o governo.

Paralisação

Já o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, avalia que há categorias mais e outras um pouco menos organizadas. Segundo ele, é preciso manter a mobilização e aguardar as votações no Congresso, acompanhando a agenda do parlamento. Na semana que vem, serão mantidas atividades nos aeroportos e nas bases eleitorais dos senadores.

— Nossa vitória na comissão que analisou a reforma trabalhista foi simbólica e isso nos anima. Hoje, temos certeza que podemos vencer e derrotar a reforma — afirmou

Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, a greve geral é um trunfo. E deve ser guardado "para um momento mais propício". O importante, segundo ele, "é que haja uma articulação geral de paralisação. E que os sindicatos demonstrem sua contrariedade com as reformas". Parte das centrais tenta negociar com o governo. Objetivam medidas que reparem, em alguma medida, prejuízos causados pela reforma trabalhista, caso aprovada. 

As centrais voltarão a se reunir na primeira semana de julho.

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