Na base aliada, maioria do PSDB e setores inteiros do PMDB articulam a queda de Temer já no início do mês que vem, no TSE
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
Além das manifestações que tomam as ruas da Capital Federal, contra as reformas trabalhista e previdenciária, a paralisação das atividades no Congresso e as reações de cautela dos investidores, os partidos da base aliada ao governo já precificaram a saída de Michel Temer.
— Agora, é uma questão de tempo. Pouco tempo para que Temer deixe o Planalto — afirmou o assessor de um parlamentar tucano, próximo à cena política, à reportagem do Correio do Brasil.
Sob a liderança do PSDB, as legendas que integram o governo em queda avaliam que o peemedebista perdeu a governabilidade.
Cassação no TSE
As delação de executivos da JBS, na Operação Lava Jato, segundo aquele assessor, “foram decisivas". O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) "compreendeu o papel que exerce, para o bem do país”.
— Análises de deputados e senadores, tanto tucanos quanto de outras legendas da base, inclusive do PMDB, apontam para uma solução rápida. Já no início de Junho. A cassação da chapa eleita em 2014 seria a saída mais pragmática — afirmou.
Começa, assim, a se formar um entendimento tácito, entre parlamentares e juízes, de que a cassação resolveria o impasse. Serviria para evitar que Temer precise assumir, publicamente, a culpa por delitos apontados na delação da JBS.
Conspiração
O atual momento político do país encontrou uma análise objetiva. Para o jornalista, doutor em Linguística e Filologia Nilson Lage, há uma “teoria da conspiração em curso”. No comentário, em uma rede social, o professor lembra que “o golpe de 1964 visava combater o trabalhismo, que é a social-democracia historicamente consolidada em versão brasileira. E manter o território disponível para mais ampla exploração, no futuro, pelos Donos da Terra”.
“Teve êxito na primeira parte, não na segunda: sentados no poder, os militares voltaram a pôr em prática o projeto secular [desde os Andrada, (Barão de) Mauá, Delmiro (Gouveia) e dos tenentes] de erguer uma potência regional capaz de beneficiar-se - e não só aqueles Donos - de seus recursos naturais e humanos”, lembra.
Ainda segundo Nilson Lage, “o trabalhismo voltou com Lula e, por esperteza, conveniência ou amor (só o povo ama de fato a Pátria), dispôs-se a retomar aquele projeto nacional. Como sempre, conciliando com o atraso histórico das instituições, até por falta de alternativa que se mostrasse viável”.
Ideologia fascista
“A possibilidade de constituição da aliança entre a Vontade Nacional e a Força de Trabalho, desenhada desde o segundo governo Vargas (presente, em forma ostensiva, quando os generais saíram à rua com o povo pedindo a criação da Petrobras) levou os Donos da Terra a promover novo golpe de Estado. Mais profundo e decisivo”, relembra.
De acordo com o jornalista, “dividido o país por agitações de rua programadas com base em técnicas de controle de massas antes utilizadas em agitações na Europa Central e Oriente Médio (resultado da modelagem social em supercomputadores), a Operação Lava-Jato, projeto do Departamento de Justiça e do Departamento de Estado norte-americano, objetiva, a partir da denúncia das práticas tradicionais de controle da política pela alta burguesia local, desmoralizar qualquer gestão que se pretenda no país. Quebrar a Vontade Nacional e desarticular a Força de Trabalho”.
“O trator jurídico assim constituído – e a ideologia fascista que lhe dá sentido – cuida de demolir as instituições enquanto o governo imposto pelo golpe, fraco e corrupto, destrói os instrumentos econômicos da autonomia do país. E corrói as bases da aliança possível entre a Vontade Nacional e a Força de Trabalho, chave da sonhada constituição de uma próspera, forte, feliz e pacífica Nação brasileira”, conclui o professor.