Partido Comunista Chinês retoma tradição de manter líderes no poder até a morte

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Publicado Domingo, 11 de Março de 2018 às 11:11, por: CdB

As alterações também incluem a inserção da teoria política de Xi na Constituição; algo que já foi adicionado ao estatuto do partido comunista em outubro no final de um congresso.

 

Por Redação, com agências internacionais - de Pequim

 

A Assembléia Geral do Partido Comunista Chinês (PCCh) aprovou, neste domingo, a permanência no poder do líder Xi Jinping por quantos mandatos forem necessários para que ele conduza o país nas reformas em curso. Assim, a China elimina, na prática, todos os limites para o mandato presidencial da sua Constituição, conferindo ao presidente Xi o direito de permanecer no cargo, indefinidamente. Os deputados comunistas confirmam, doravante, o seu status de líder mais poderoso do país desde que Mao Zedong morreu, há mais de 40 anos.

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Xi Jinping, líder do Partido Comunista Chinês, permanecerá no cargo, mesmo após uma década de mandato

O Partido Comunista no governo da China anunciou a proposta de alteração apenas no mês passado. Mas, em nenhum momento, houve dúvidas de que seria aprovada. A maioria do Parlamento é integrada por membros leais ao partido; e eles nunca não se opuseram à proposta.

As alterações também incluem a inserção da teoria política de Xi na Constituição; algo que já foi adicionado ao estatuto do partido em outubro no final de um congresso. Trata-se de uma façanha que nenhum outro líder desde Mao Tse Tung havia conseguido enquanto estava no cargo. Além disso, foram incluídas cláusulas para dar um suporte legal a um novo super departamento anticorrupção.

Apenas dois votos “não” foram emitidos, com três abstenções, entre quase 3 mil deputados.

Líder estável

Os repórteres foram levados por um breve período ao Grande Salão do Povo, enquanto os deputados preenchiam suas cédulas, e puderam assistir os deputados depositando os votos, um por um, em grandes urnas vermelhas ao redor da sala.

Xi Jinping foi primeiro a votar, no pódio na frente do salão; seguido pelos outros seis membros da elite do comitê permanente do partido, que administra a China. A salão explodiu em aplausos quando o resultado da votação foi aprovado, mas Xi não discursou no parlamento.

O limite de dois mandatos presidenciais de cinco anos foi incluído na Constituição da China em 1982; após seis anos da morte de Mao, por Deng Xiaoping. Ele percebeu, naquele momento, os perigos de um governo por um só homem e do culto da personalidade após o caos da Revolução Cultural. Em consequência, adotou a  liderança coletiva. O momento atual, no entanto, demanda uma liderança estável e perene, segundo acordaram os deputados.

Futuro brilhante

Falando mais tarde a repórteres, Shen Chunyao, presidente da Comissão Permanente dos Assuntos Legislativos do Comitê Permanente do Parlamento, rejeitou as preocupações de que a alteração poderia arriscar um retorno à regra do homem forte; ou levar a turbulências políticas ou lutas internas.

— Quanto aos pressupostos, conjecturas e situações contidas na sua pergunta, acho que isso não existe. Nas últimas nove décadas da história do partido, ele superou dificuldades e resolveu grandes problemas; incluindo transições de liderança com ordem, mantendo a vitalidade do partido e do país e a estabilidade a longo prazo — disse Shen.

E encerrou:

— Nos quase 40 anos de reforma e abertura, estabelecemos, sustentamos e ampliamos o caminho de desenvolvimento político do socialismo com características chinesas. Então, seguindo em frente, a estrada em que estamos definitivamente será mais longa e mais larga, e o futuro mais e mais brilhante.

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