Pasmaceira nacional já não se importa sequer com os impostos

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Publicado Sábado, 25 de Março de 2017 às 10:25, por: CdB

O aumento de impostos atinge, indistintamente, todos os brasileiros. Nesta manhã de sábado, no entanto, as ruas do Rio de Janeiro restavam calmas

 

Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro

 

Nem mesmo o discurso do atual ocupante do Ministério da Fazenda, Henrique Meirelles, no qual avisa que, em cima do golpe de Estado, em curso, haverá aumento de impostos causou qualquer embaraço ao governo, nas ruas do país. A um grupo de empresários, na noite passada, Meirelles admitiu que entre as opções do governo está o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

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Meirelles adianta que haverá aumento de impostos e depois vai para casa, onde dorme sem o som das panelas

A medida atinge, indistintamente, todos os brasileiros. Nesta manhã de sábado, no entanto, as ruas do Rio de Janeiro restavam calmas. Em Copacabana, onde mora o professor universitário de Sociologia Gilson Caroni Filho, até a praia, neste início de Outono, permanecia morna e pouco frequentada.

Retórica vazia

“Eu não consigo entender a passividade com que o brasileiro aceita perder direitos sociais e trabalhistas.Sua incapacidade de se mobilizar e ir à luta me entristece. Poderia atribuir o espírito bovino à colonização portuguesa, ao processo político feito por transições pelo alto, à permanente exclusão dos segmentos médios e pobres dos centros decisórios.

"Mas seria um exercício retórico vazio. O que temos? A piada previsível. O nosso humor está longe de ser uma forma de resistência, uma maneira inteligente de lidar com adversidades. É, antes de tudo, uma confissão de impotência”, escreveu Caroni Filho na sua página, em uma rede social.

“Certamente, surgirão memes sobre a terceirização das atividades-fim e a reforma da Previdência, montagens engraçadinhas com políticos e empresários. Adnet fará uma crítica engraçada no humor permitido da TV Globo. E nós compartilharemos como exemplo de resistência dentro do oligopólio midiático.

Desalento

"No próximo carnaval, os blocos farão sátiras bem boladas e alguns sairão fantasiados de carteira de trabalho. E a luta que confere dignidade? Uma visita à Argentina, Uruguai ou Bolívia nos ensinaria alguma coisa? Quem sabe, estudar a revolta dos Malês não resgatasse a fibra africana? Não sei. Só registro meu desalento.

"Um bom fim de semana”, desejou o professor.

Haja impostos

Mais contundente do que o sociólogo carioca, o candidato à presidência da República em 2018 Ciro Gomes pede um pouco mais de ação, por parte do eleitorado. Enquanto Meirelles se mantinha na dúvida sobre a quantia que pretende extrair dos brasileiros, em impostos, Ciro voltou a criticar o governo do presidente de facto, Michel Temer. Em conversa com o público, ao vivo , em uma página da internet, o ex-governador do Ceará enfatizou a importância das manifestações populares na luta contra medidas como a reforma da Previdência

— A hora de lutar é agora. Algumas coisas ainda dá tempo de reverter, o que não é possível é aceitar passivamente. Lutar dentro das linguagens da democracia. Mas o povo precisa sair de casa — exortou. O país experimenta um “retrocesso em matéria de cuidados com os direitos do trabalhador. Com os pobres. Com os usuários da saúde pública, da educação, daqueles que precisam da segurança pública funcionando”, acrescentou. 

Sobre a reforma da Previdência, Ciro disse acredita “que ela não vai passar”. Trata-se esta afirmação, segundo analistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, de um tiro de longa distância. A base aliada ao governo instalado após a deposição da presidenta Dilma Rousseff acaba de cassar os direitos contidos na Consolidação da Legislação Trabalhista (CLT).

Alto e claro

Ocorre, porém, segundo Ciro Gomes, que a proposta do governo é um “avanço terrível sobre os mais pobres, mais vulneráveis”.

— Isso tudo é uma imoralidade. Temos que lutar — reafirmou.

O candidato pedetista observa, ainda, que “a única coisa que amedronta político é perder o voto do cidadão”. Ciro comentou as mudanças propostas recentemente, de retirar o Estado e os municípios, e considera isso uma vitória da população.

— Eles só estão recuando porque estamos fazendo o serviço de dizer em alto e claro som que eles não passarão — concluiu.

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