Não quero discutir a alienação, a incompreensão e o desleixo do andar de cima (na expressão do meu amigo Elio Gaspari) com o drama vivido por milhões de brasileiros desempregados ou sem trabalho.
Por João Guilherme Vargas Netto - de São Paulo
Mas busco explicação para a passividade aparente daqueles milhões que sofrem com o desemprego em uma sociedade cada vez mais desorganizada e não se manifestam com atos coletivos expressivos de resistência, de denúncia ou de revolta. Como explicá-la?Bolsonaristas
Além disto, deve-se levar em conta a presença nas massas populares dos bolsonaristas enredados no discurso da ordem e da segurança impedindo que a verdadeira da causa da mala vita se esclareça e oriente ações. É trágico constatar que os partidos políticos, principalmente os de oposição, enredam-se também cada vez mais em suas próprias teias de preocupações egoístas e não aplicam a linha Mano Brown afastando-se do povão e de seus problemas reais. Brincam de fazer política sem orientar ações reivindicatórias e sem organizar as lutas dos desempregados. E, por último, pesa sobre o fundo do quadro dos brasileiros um medo difuso das forças repressivas que, por insistentes declarações e exemplos de mandatários, são insufladas à violência. Ainda que não haja um quadro institucional de repressão ativa às manifestações (de classe média) o povo pobre desempregado tem medo do “tiro na cabecinha”. Até quando isto durará, não sei. Como e quando se efetivará a explosão depende muito do que acontecerá nas cinco ordens de explicações que procurei listar ao constatar a passividade aparente.João Guilherme Vargas Netto, é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.
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