Publicado Quarta, 04 de Setembro de 2019 às 07:44, por: CdB
Recursos de 127 projetos de construção e modernização de instalações militares deverão ser desviados para obras de muro na fronteira com o México. Democratas dizem que manobra coloca em risco a segurança nacional.
Por Redação, com DW - de Washington
A pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Pentágono anunciou na terça-feira a liberação de US$ 3,6 bilhões (R$ 15 bilhões) para a construção de 280 quilômetros de um muro na fronteira do país com o México.
Recursos vão reforçar também partes do muro que já existe na fronteira com o México
Para desbloquear estes fundos, o Departamento de Defesa norte-americano decidiu adiar ou suspender 127 projetos de construção e de modernização de instalações militares nos Estados Unidos e no exterior previstos no seu orçamento de 2019, indicou à imprensa um porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman.
O secretário da Defesa, Mark Esper, argumentou que o muro é necessário para apoiar os esforços das Forças Armadas na região e, por isso, "o Departamento de Defesa vai realizar 11 projetos de construção militar da barreira fronteiriça", acrescentou.
Segundo o responsável por assuntos de segurança interna no Pentágono, Kenneth Rapuano, esses recursos serão usados para reforçar segmentos do muro já existentes e na construção de novos trechos.
A construção de um muro na fronteira mexicana foi uma das principais promessas de campanha de Trump, para conter a entrada de imigrantes da América Latina. Após o Congresso aprovar apenas US$ 1,4 bilhão para esse fim dos US$ 5,7 bilhões solicitados pelo governo, no início deste ano, o presidente declarou emergência nacional para conseguir esses fundos sem a aprovação do Legislativo.
A declaração de emergência permite ao governo usar recursos do orçamento militar para essa finalidade. O Pentágono, então, afirmou que poderia destinar US$ 3,6 bilhões para o muro. Em março, enviou ao Congresso uma lista com projetos que teriam seus recursos desviados nesta reestruturação orçamentária.
De acordo com o Departamento de Defesa, a construção do muro pode começar daqui a cerca de 100 dias em terras que pertencem ao governo. Atualmente, mais de 4,5 mil militares estão atuando na fronteira do país.
Operações no Estado-Maior
O general Andrew Poppas, diretor das operações no Estado-Maior norte-americano, indicou que a construção dos novos segmentos do muro permitirá reduzir o número de militares destacados na região.
O anúncio foi criticado por legisladores democratas. O líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, disse que entre os projetos afetados está um edifício da academia militar de West Point.
– É um tapa na cara das Forças Armadas que servem ao nosso país – escreveu Schumer no Twitter. Trump está "pronto para canibalizar fundos militares já atribuídos para satisfazer o seu ego e por um muro que prometeu que o México pagaria", adiantou.
A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, também argumentou que a realocação de recursos pode prejudicar projetos importantes que já foram planejados.
– Roubar dinheiro de construções militares, em casa e no exterior, prejudicará nossa segurança nacional, a qualidade de vida e moral das nossas tropas e, de fato, tornará os Estados Unidos menos seguros – afirmou a democrata.