Pesquisadores desenvolvem equipamento que reduz custos de exame oftalmológico

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Publicado Segunda, 10 de Outubro de 2016 às 08:27, por: CdB

O produto, no entanto, ainda precisa passar por testes clínicos e a expectativa dos pesquisadores é que todas as etapas para a comercialização no mercado ocorra até o primeiro semestre de 2018

Por Redação, com ABr - de São Paulo:

Três pesquisadores brasileiros desenvolveram um equipamento que pode reduzir em até 10 vezes o custo dos exames de retina. Ampliar o acesso às avaliações oftalmológicas preventivas. Com a apresentação do SRC – Smart Retinal Camera, um retinógrafo portátil.

Eles ganharam o primeiro lugar na seleção brasileira para participar, nos próximos dias 8 e 9 de novembro, em Berlim, da final do The Falling Walls Lab. Evento mundial que reúne as cem melhores ideias de inovação científica em benefício da humanidade.

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Ex-alunos da USP - Diego Lencione, Flavio Vieira e José Augusto Stuchi - desenvolveram um equipamento que reduz os custos de um exame de retina

O produto, no entanto, ainda precisa passar por testes clínicos e a expectativa dos pesquisadores é que todas as etapas para a comercialização no mercado ocorra até o primeiro semestre de 2018.

Integrante da equipe, o físico Diego Lencione explicou que o aparelho consiste em um conjunto ótico e eletrônico. Acoplado a um smartphone de boa qualidade, permite obter imagens de alta resolução do fundo do olho.

Ele garante que a qualidade é tão boa quanto a captura tradicional, feita por meio de equipamentos mais complexos. E que estão disponíveis apenas em clínicas especializadas de oftalmologia.

A vantagem, segundo o pesquisador, é que o procedimento com a miniatura do retinógrafo não precisa ser feito por um profissional especializado. Ele tem um custo ”10 vezes menor do que o convencional”.

Na avaliação de Lencione, isso facilita, principalmente, a vida de moradores de comunidades carentes. Para essas pessoas que vivem distante dos grandes centros urbanos. E não contam com clínicas especializadas.

– O resultado das imagens pode ser enviado para a avaliação de um atendimento de excelência em oftalmologia e com isso se obtém um laudo remoto de alto nível técnico – explicou.

Diagnóstico precoce

Segundo um dos inventores do SRC. O diagnóstico precoce pode ajudar a prevenir doenças mais sérias.  “Fazer a triagem de pessoas com problemas de retina e encaminhá-las o quanto antes para tratamento. Pode-se evitar danos mais sérios no futuro”, defendeu.

Ele citou dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Que apontam que 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados por meio de métodos de prevenção e tratamento.

Segundo o pesquisador José Augusto Stuchi, também autors do projeto, apesar de existirem mais de 6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual no Brasil, a maioria das cidades (85%) não conta com oftalmologistas.

Além da facilidade de transporte do aparelho para uso em campanhas de saúde em lugares distantes onde não há retinógrafos. O tamanho reduzido também pode ser útil no atendimento a crianças. Acrescentou Stuchi que é graduado em Engenharia da Computação. Ele disse que as crianças costumam ter mais dificuldade em se posicionar corretamente com a testa, queixo e cabeça em frente ao aparelho convencional.

– Diagnosticar desde cedo uma doença possibilita que você previna e trate o paciente para que ele não fique cego. Por ano, 500 mil crianças perdem a visão no mundo e 80% de todos os casos de cegueira do planeta são evitáveis – enfatiza o pesquisador.

Ele foi o apresentador da inovação no concurso brasileiro e deve representar o Brasil na competição mundial.

Motivador

Stuchi contou que o projeto surgiu há dois anos. Além dele e do físico Diego Lencione, também participou do projeto o eletricista Flavio Vieira. Os três são ex-estudantes da Universidade de São Paulo (USP). O interesse em desenvolver esse tipo de equipamento surgiu a partir do irmão de Diego que tem problemas de visão causados por deslocamento de retina.

Para desenvolver o produto, eles fundaram a startup Phelcom, em março deste ano, e contaram ainda com o financiamento do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

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