Policiais são condenados por corromper testemunhas no caso Amarildo

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Publicado Sexta, 23 de Junho de 2017 às 07:51, por: CdB

Segundo o Ministério Público, os réus ofereceram dinheiro para uma mulher e um homem para que eles imputassem a criminosos da comunidade a responsabilidade

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro:

O ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, major Edson Raimundo dos Santos, e o soldado Newland de Oliveira e Silva Junior foram condenados no dia anterior pela Justiça do Rio de Janeiro. Eles eram acusados de corromper duas testemunhas do caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, em julho de 2013.

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Eles eram acusados de corromper duas testemunhas do caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo

Segundo o Ministério Público. Os réus ofereceram dinheiro para uma mulher e um homem para que eles imputassem a criminosos da comunidade a responsabilidade pela morte de Amarildo. A mulher teria recebido R$ 850 e o homem, R$ 500.

Eles foram condenados pela juíza Ana Paula Monte Figueiredo, da Auditoria Militar, a dois anos de prisão. A serem cumpridos em regime aberto. Os outros dois réus do processo, o tenente Luiz Felipe Medeiros e o soldado Bruno Medeiros Athanasio, foram inocentados.

Os quatro já tinham sido condenados em fevereiro do ano passado, pela tortura e ocultação do cadáver de Amarildo. Junto com outros nove réus no processo. Edson Santos, por exemplo, foi condenado a 13 anos de prisão.

Médicos denunciam

Os médicos do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) denunciaram as condições de funcionamento e atendimento da unidade em carta aberta à população. Em que apontam diversas irregularidades no funcionamento do hospital. Como falta de médicos e má gestão.

Na carta, os profissionais criticam a demissão do diretor da Divisão de Emergência do hospital, Julio Noronha. Após denunciar falhas do departamento de recursos humanos no setor de emergência. Noronha também responsabilizou a diretoria-geral do hospital pela não renovação de vários contratos de médicos que terminaram recentemente.

– É inadmissível que um agente público ao cumprir o seu papel de expor a irregularidade no serviço público seja punido com o afastamento de suas funções de coordenar o setor como se o problema fosse ele. No mesmo dia que o coordenador da emergência faz a denúncia é solicitada sua exoneração pela diretora-geral Lúcia Bensiman, e publicada rapidamente em diário oficial – criticam os médicos no texto.

O documento também traz críticas à diretora-geral Lúcia Bensiman. Segundo os profissionais que assinam a carta, “tenta obrigar os médicos que restaram a fazer uma carga horária superior à permitida além de estipular rodízio de funcionários em quatro dias da semana pela completa e total falta de clínicos no setor”.

Fiscalização

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). Confirma a situação preocupante de vários hospitais federais do Rio de Janeiro. Entre eles o Hospital Federal de Bonsucesso e o Hospital Federal de Andaraí (HFA). Após fiscalização, o órgão constatou sucateamento nas unidades devido à falta de investimentos, má gestão.

Em vistorias recentes, o conselho concluiu que os principais problemas enfrentados pelos hospitais são. Redução de verbas, bloqueio de filas cirúrgicas, déficit de profissionais, fechamento de diversos setores. Fechamento de serviços e falta de medicamentos, inclusive quimioterápicos.

De acordo com o Cremerj, o fato mais preocupante. Também bastante mencionado na carta dos médicos do HFB, é a falta de profissionais. O último concurso para contratar médicos para a rede federal foi realizado em 2010. E não há previsão para um novo.

Além disso, segundo o conselho, o Ministério de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão proibiu a contratação temporária de médicos. No HFA, 40% dos profissionais são contratados de forma temporária pelo Ministério da Saúde. Além disso, o Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital está funcionando com apenas um médico de plantão aos sábados à noite.

A Emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) também enfrenta problemas como a superlotação. Com cerca de 53 pacientes internados, mais que o dobro da capacidade máxima estabelecida em acordo com o Ministério Público Federal.

A fila de cirurgias do hospital está bloqueada, e durante a fiscalização. O Cremerj constatou que pacientes idosos e imunossuprimidos. Mais suscetíveis a infecções – ficam dias internados em cadeiras simples no corredor da emergência, sem as mínimas condições de conforto e segurança, ao lado de pacientes com doenças infectocontagiosas.

Governo federal

O Ministério da Saúde afirma que os hospitais federais do Rio de Janeiro estão funcionando normalmente, com quase 5 mil médicos contratados pela rede e sem problemas de abastecimento.

Ao contrário do que o Cremerj e os médicos apontam na carta aberta, o ministério afirma que o atendimento das unidades de emergência dos hospitais federais aumentou.

Em nota, o Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro informou que no primeiro trimestre deste ano, seis hospitais federais (Andaraí, Bonsucesso, Cardoso Fontes, Ipanema, Lagoa e Servidores do Estado) tiveram as consultas ambulatórias ampliadas em 18,48% e um aumento de 13% em procedimentos cirúrgicos, comparados ao mesmo período do ano passado.

Além disso, segundo o órgão, até maio de 2017, 216 profissionais tiveram seus contratos encerrados, entretanto, a área assistencial da rede federal recebeu 203 novos contratados, resultando em cerca 94% de reposição de profissionais.

Os médicos do HFB contestam as estatísticas do Ministério da Saúde. “A realidade não se esconde e a população está vendo todos os dias na emergência do hospital federal de Bonsucesso. Sobram pacientes pelas cadeiras e macas pelos corredores e faltam médicos para prestar assistência adequada aos pacientes que correm riscos reais e morrem diariamente na emergência do HFB”, relatam os profissionais na carta aberta.

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