Premiê russo prevê uma escalada militar semelhante à Guerra Fria

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Publicado Sábado, 13 de Fevereiro de 2016 às 16:37, por: CdB

Medvedev participa, com outras autoridades mundiais, da Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, apelidada de “Davos da Defesa”

Por Redação, com agências internacionais - de Munique, Alemanha
Primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev disse, neste sábado, que o mundo está se encaminhando para uma nova Guerra Fria por conta das relações entre Moscou e o ocidente, principalmente com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ao citar as operações militares na fronteira oeste do território russo e na Síria. — Às vezes, me pergunto se estamos em 2016 ou em 1962 — refletiu Medvedev, fazendo referência ao ano da crise dos mísseis, que quase levou o mundo a uma guerra mundial.
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Medvedev participa de encontro de cúpula em Munique, na Alemanha
Segundo o premiê russo, “a política da Otan para com a Rússia é pouco amistosa e teimosa. Para sermos sinceros, estamos nos encaminhando rapidamente a um período de uma nova Guerra Fria. Quase todos os dias estamos sendo chamados de a ameaça mais terrível para toda a Otan ou à Europa, à América e a outros países, especificamente. Apesar de as ameaças reais que existem em nosso pequeno mundo – e eu espero que vocês entendam isso – serem absolutamente diferente”. Medvedev participa, com outras autoridades mundiais, da Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, apelidada de “Davos da Defesa”, em uma referência ao fórum econômico que acontece anualmente na cidade suíça. Mais cedo, Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, falou sobre os planos de um aumento militar expressivo no leste – na fronteira com a Rússia e a maior desde a Guerra Fria – para conter “as ações da Rússia”. Para Medvedev, a Otan não é “amistosa” com a Rússia e deveria trabalhar em conjunto com Moscou para combater o terrorismo. “Eu acho que o Estado Islâmico tem que ser grato aos meus colegas, alguns líderes do Ocidente que desativaram essa cooperação”, disse.

Situação síria

Discursando antes de Medvedev, o premiê da França, Manuel Valls, pediu que a Rússia cessasse suas operações contra o Estado Islâmico na Síria. “A França respeita a Rússia e seus interesses. Mas sabemos que, para achar o caminho da paz novamente, o bombardeamento de civis precisa parar”, disse. Medvedev refutou as acusações. “Não há evidências de que nós bombardeamos civis, mesmo que todo mundo esteja nos acusando disso. A Rússia não está tentando alcançar objetivos secretos na Síria. Estamos simplesmente tentando proteger nossos interesses nacionais”, afirmou. O primeiro-ministro russo acrescentou que a situação no mundo é dramática: não há uma Europa unida, as relações entre a UE e a Rússia estão deterioradas, na Ucrânia desencadeou-se uma guerra civil, há um colapso migratório. — O desenvolvimento, desde 2007, tornou-se ainda mais dramático do que era previsto — disse Dmitry Medvedev, lamentando que o diálogo entre a Rússia e o Ocidente tenha sido interrompido. O premiê russo apelou também para um diálogo euro-atlântico sobre a segurança.

Guerra fria

Ao comentar a crise síria, Medvedev reconheceu que o diálogo político continua sendo a única solução para a escalada de violência que acentua o risco de uma nova Guerra Fria. O terrorismo, disse ele, está se transformando em uma guerra global. É um problema civilizacional. Dmitry Medvedev sublinhou a necessidade de manter o Estado sírio unido e impedir a desintegração por motivos religiosos. — É impossível dividir os terroristas nos 'nossos' e nos 'outros', em 'extremistas' e alegadamente 'moderados' — assinalou o premiê russo. Dmitry Medvedev expressou pesar devido à expansão do terrorismo, isto porque a Rússia e o Ocidente não podem unir-se. No entanto, o primeiro-ministro vê a reunião entre o Patriarca Kirill de Moscou e o Papa Francisco como um exemplo de movimento de encontro entre as duas partes. Dmitry Medvedev expressou esperança de que haverá um cessar-fogo na Síria após a Conferência de Munique. — Na Síria a Rússia não realiza nada que não tenha sido declarado oficialmente. A Rússia está defendendo os seus interesses neste país — destacou o primeiro-ministro. A Conferência de Segurança de Munique é um fórum internacional não-governamental para a discussão das questões de segurança mais pendentes. Fundada em 1962 para facilitar as consultas entre os países membros da OTAN, agora envolve representantes da Europa Central e de Leste, Ásia do Sul e Oriente Médio, bem como das ex-repúblicas soviéticas.
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