Produtos populares continuam crescendo apesar da crise

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Publicado Terça, 11 de Setembro de 2001 às 05:56, por: CdB

A combinação das dificuldades econômicas - alta do dólar, racionamento de energia, crise da Argentina e desaceleração dos Estados Unidos - ainda não afetou o mercado dos produtos básicos, aqueles situados na faixa de preço mais baixo de suas categorias. Chamados por alguns de "populares", as vendas desses produtos ainda não sofreram impacto e continuam crescendo nos últimos meses. Em agosto, os carros com motor 1.0, os mais baratos, ficaram com 79,3% do mercado brasileiro de veículos. Trata-se de um novo recorde no setor, superando os 77,7% registrados em julho. Nunca se vendeu tanto carro popular no Brasil, num momento em que o mercado está em queda. Em agosto, as vendas de veículos no atacado (das montadoras para as concessionárias) caíram 5,42% em relação ao mesmo período do ano passado. - A venda do carro popular está aumentando porque o cliente está sem dinheiro. Se não estivéssemos nessa crise, estaríamos vendendo mais carros de outros modelos - diz Munir Faraj, gerente comercial da Trans-Am, concessionária General Motors em São Paulo onde cerca de 70% dos veículos comercializados são modelos com motor 1.0. No segmento de duas rodas, o fenômeno se repete. Em julho, as vendas da Honda, que domina o mercado brasileiro de motocicletas, caíram de 52.800 para 50 mil unidades. As vendas do modelo C 100 Biz, o mais barato da empresa, chegaram a 11.562 unidades, um crescimento de 53,7% sobre o mês anterior. No segmento, a procura por motocicletas continua crescendo. De janeiro a julho deste ano, foram comercializadas 413,1 mil unidades, 26,5% a mais que no mesmo período de 2000. - Estas crises de curto prazo não atingem o mercado de motocicletas, principalmente os modelos mais baratos e de menor cilindrada - afirma o diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Franklin de Mello Neto. Outro mercado que parece imune às crises é o de telefones celulares pré-pagos. A Telesp Celular encerrou o segundo trimeste deste ano com 3.231 aparelhos pré-pagos, um crescimento de 10,7% sobre os números do primeiro trimestre. No mesmo período, o número de celulares pós-pagos caiu 5%, de 1.585 para 1.505 aparelhos. Em todo o país, os celulares pré-pagos já somam 16,8 milhões de unidades, quase o dobro do número de pós-pagos (9,2 milhões). - A crise ainda não chegou ao mercado do pré-pago. As vendas continuam crescendo porque esse é um produto que dá ao usuário a chance de programar os seus gastos - diz o diretor executivo da Associação Brasileira das Empresas de Telefonia Celular (Acel), Antônio Jorge Martins. Para o consultor José Roberto Martins, da JR Brands, essa migração do consumo para os produtos básicos é normal em tempos de crise. Segundo ele, com a possibilidade de recessão, o consumidor fica mais conservador e busca produtos mais baratos. Mas sempre observando a relação custo-benefício. - As pessoas não compram só porque é barato. Eles também olham a qualidade, mas sem esquecer do orçamento - ressalta Martins.

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