Protesto contra Doria e Covas une trabalhadores e empresários

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Publicado Quinta, 11 de Abril de 2019 às 10:06, por: CdB

Enchentes em março prejudicaram fábricas, comércios e serviços em bairros da capital. Com grande parte das atividades ainda não retomada, manifestantes temem desemprego.

Por Redação, com RBA e ABr - de São Paulo

Em manifestação realizada na manhã desta quinta-feira, empresários, comerciantes, prestadores de serviços, trabalhadores e moradores da região da Mooca (Zona Leste) e Ipiranga (Sul), na capital paulista, cobraram obras de melhorias urbana por parte do governador João Doria e do prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB.

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Representante dos empresários estima prejuízo em torno de RS 1 bilhão. Manifestantes cobram políticas dos governos

Em 10 e 11 de março, a região, uma das dezenas que foram atingidas pelas  chuvas que caíram sobre a capital paulista naqueles dias, registrou diversos pontos de alagamento, prejudicando fábricas, serviços e lojas, depois que o rio Tamanduateí transbordou, devido sobretudo à falta de manutenção das bocas de lobo e da ausência de políticas de infraestrutura. Reportagem da RBA, à época, indicou que a gestão Doria e Covas, à frente da administração municipal, usaram um terço das verba de combate a enchentesem 2017 e 2018.

– As empresas foram afetadas em um volume catastrófico, que nós calculamos, a partir do que os empresários levantaram, em torno de RS 1 bilhão de prejuízo – afirmou João Neto, que falou em nome dos empresários. "Os governos estadual e municipal não nos ofereceram ajuda e nem mandaram representantes, então nós fizemos essa manifestação para manutenção dos postos de trabalho", completou.

Segundo estimativa dos organizadores, quase 5 mil pessoas compareceram ao ato seguido de passeata, que teve início às 6h e término por volta das 9h, com percurso iniciado na avenida Henry Ford e encerrado na avenida Capitão Pacheco Chaves, percorrido sem tumultos.

Os manifestantes temem que com a falta de auxílio, o processo de desindustrialização e desempregoseja acelerado na região. De acordo com o representante dos empresários, em decorrência dos prejuízos das enchentes, um mês após a tragédia, há empresas que ainda não retomaram nem 70% das atividades.

– Nós estamos vivendo o caos no Brasil – disse o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Jorge Carlos de Morais, o Arakém, que cobrou amparo do poder público aos setores atingidos. "Não há uma política de incentivo às empresas de pequeno e médio porte, uma política industrial, de proteção. Então nós estamos 'largados' por partes do governo municipal, estadual e federal."

Empresa de autopeças fecha

Fundada em 1966, na zona oeste de São Paulo, a Indebrás fechou na semana passada e deixou aproximadamente 150 trabalhadores, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, sem receber. Desde então, eles decidiram acampar na fábrica, se revezando em três turnos. Parte dos funcionários leva suas famílias ao local, na Vila Jaraguá, à beira da rodovia Anhanguera. A única informação até agora é de que o controle da empresa passou para o grupo AJC, especializado na gestão de empresas em crise. O diretor do sindicato Érlon Souza Lorentz conta que, na semana passada, os trabalhadores viram dois caminhões parados na Indebrás, e o motorista de um dos veículos disse que tinha sido contratado para retirar máquinas e equipamentos. A empresa fornecia para diversas montadoras, que ainda têm peças no local. Segundo Érlon, na segunda-feira representantes da Iveco estiveram lá, e ontem foi a vez da Volkswagen. Hoje mesmo, ele se reuniu com uma advogada do grupo, mas a conversa foi inconclusiva. – O pessoal quer trabalhar ou receber – diz o sindicalista. "Tem salários atrasados desde janeiro." De acordo com Érlon, a princípio a notícia de um investidor foi recebida com esperança, mas funcionários dizem que a relação com as montadoras foi se deteriorando. Parcerias foram feitas com empresas para conseguir cestas básicas e botijões de gás para os trabalhadores, que fazem assembleias e atividades diariamente na fábrica, onde 15 barracas foram instaladas. "O povo está se virando nos 30 para vir pra cá", diz Érlon.

Linha 9-Esmeralda

A Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) está operando em velocidade reduzida desde às 11:20 desta quinta-feira. Segundo informou a assessoria de imprensa do órgão, o motivo é problema no sistema elétrico entre as Estações Osasco e Grajaú. Não há previsão para o restabelecimento da energia e a plataforma da Estação Pinheiros, uma das mais importantes do sistema, já está lotada. A linha transporta cerca de 600 mil usuários por dia.
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