PT prepara resistência mas cela de Lula já está preparada em Curitiba

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Publicado Quinta, 05 de Abril de 2018 às 13:17, por: CdB

Líderes petistas reúnem-se, em São Paulo, prontos a tentar impedir que ex-presidente Lula seja levado ao Paraná.

 

Por Redação - de Curitiba e São Paulo

 

Líderes petistas de todo o país reuniram-se nesta manhã, na capital paulista. Foram convocados pela presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann (PR), em regime de emergência, diante da possibilidade real de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser conduzido a Curitiba, onde deverá começar a cumprir a pena de 12 anos e 1 mês de prisão.

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Ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva está prestes a perder a liberdade

O encontro, no Instituto Lula, contou também com a presença do senador Lindbergh Farias (RJ) líder do partido na Casa. Em uma rede social, o parlamentar convocou caravanas de militantes de todo o país para se dirigirem a São Bernardo do Campo. Ele espera uma concentração em solidariedade ao líder petista.

— Temos que acreditar na nossa militância. Vamos para São Bernardo. O recado que temos que dar é o seguinte: para prender o Lula, tem que prender milhares. A gente tem que formar um cordão humano em defesa do ex-presidente Lula — convocou.

Várias frentes

Lindbergh quer o enfrentamento direto às forças de repressão, mandadas para conduzir Lula à cadeia, em Curitiba.

— A grande questão é: se vamos estar com Lula ou não. Se vamos priorizar as ruas, as mobilizações ou vamos continuar tendo ilusões no Poder Judiciário. Você que defende a democracia brasileira dê um jeito. Vamos a São Bernardo — afirmou.

Este foi, ainda, um dos temas debatidos na sede do Instituto. No encontro, foram decididas três frentes de atuação. A primeira será a montagem de um acampamento permanente diante do prédio onde Lula mora, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

Outra, será pressionar o STF para julgar as Ações Declaratórios de Constitucionalidades (ADCs) sobre prisão em segunda instância.

Injustiça

A terceira alternativa é a mobilização das forças de esquerda, em nível nacional.

Lula chegou ao Instituto Lula por volta das 10h, onde já o aguardavam a presidenta deposta Dilma Rousseff, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, o ex-presidente da legenda José Genoino, o governador Wellington Dias, Lindbergh Farias e o deputado Luiz Marinho (SP; além dos sindicalistas Wagner Freitas, Rafael Marques e Roberto Ferreira.
Aos jornalistas, Hoffmann afirmou que não chegou a ser feita uma avaliação sobre o julgamento.

— Consideramos uma injustiça muito grande, até porque logo esse princípio da presunção da inocência vai ser restabelecido, mas ontem foi retirado de um homem inocente. Nós lamentamos muito isso — protestou.

Prisão

Sobre a possibilidade de Lula ser preso, Gleise declarou que isso seria “uma injustiça”.

— Se houver qualquer violência ao ex-presidente, nós consideramos uma prisão política e que vai expor o Brasil ao mundo. Viraremos uma republiqueta de banana — acrescentou.

Marinho, que também é diretor estadual do PT paulista, disse que o partido não trabalha com a hipótese de prisão de Lula.

Dignidade

Ainda nesta manhã, a defesa de Lula divulgou nota na qual também garante que "tomará todas as medidas legalmente previstas" para evitar a prisão. 

Para os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, a decisão da corte de negar o habeas corpus ao ex-presidente "viola a dignidade da pessoa humana e outras garantias fundamentais”.

Segundo afirmaram, a decisão final é incompatível com a fala da maioria dos ministros, que manifestou entendimento favorável à garantia da presunção de inocência, conforme o artigo 5º da Constituição.

Cela pronta

"É incompatível com a Constituição Federal e com o caráter ilegal da decisão que condenou Lula por crime de corrupção baseado em 'atos indeterminados' e sem a comprovação de qualquer solicitação ou recebimento de vantagem indevida", afirma a nota.

De acordo com os advogados, a condenação imposta a Lula pelas duas instâncias judiciais foi baseada na palavra de um corréu e teve um processo marcado por "grosseiras nulidades" e "incompatível com a descrição legal dos crimes atribuídos ao ex-presidente pela acusação".

Apesar dos esforços da defesa, a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser preso nos próximos dias é agilizada pela Polícia Federal (PF), na capital paranaense. A diretoria regional da PF já providenciou os detalhes necessários para receber o ex-presidente em sua sede.

Uma semana

Está definido, a princípio, que Lula ficará em um prédio distante da custódia, onde estão presos o ex-ministro Antonio Palocci e o empreiteiro e sócio da OAS, Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro. Ambos delataram Lula ao juiz Sergio Moro.

A PF pretende colocar Lula em uma sala adaptada apenas para ele; no prédio anexo, segundo informações vazadas para a mídia conservadora. O ex-presidente, de acordo com estes dados; terá um horário reservado para o banho de sol. O período será de cerca de duas horas diárias, distinto dos demais.

A PF prevê que a detenção do ex-presidente deverá ocorrer em mais oito a 10 dias. A PF, por fim, não divulgou, oficialmente, qualquer nota oficial sobre o assunto.

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