Reintegração de posse em Porto Alegre termina em violência policial

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Publicado Quinta, 15 de Junho de 2017 às 15:57, por: CdB

A ação policial de reintegração de posse começou por volta das 19h da noite passada e seguiu até as primeiras horas da madrugada desta quinta-feira.

 

Por Redação, com ABr - de Porto Alegre

 

Ao menos oito pessoas, entre elas o deputado estadual Jeferson Fernandes (PT/RS), foram presas em confronto durante a reintegração de posse de um edifício no centro de Porto Alegre. Cerca de 70 famílias da Ocupação Lanceiros Negros, que viviam no prédio, foram despejadas pela Brigada Militar (BM) gaúcha. A ação policial de reintegração de posse começou por volta das 19h da noite passada e seguiu até as primeiras horas da madrugada desta quinta-feira.

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O o deputado estadual Jeferson Fernandes (PT/RS) foi preso, em uma ação truculenta da Polícia Militar gaúcha

Pouco antes, havia começado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Alergs) uma audiência pública para debater a situação das famílias da ocupação, uma vez que o prédio pertence ao Estado. Ao tomar conhecimento de que a BM já se encontrava no prédio para reintegração de posse, o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alergs, deputado Jeferson Fernandes, decidiu transferir a audiência para a frente do edifício.

A BM, ao perceber a chegada de manifestantes e outras pessoas que participavam da audiência, disparou bombas de gás contra a multidão. Jeferson Fernandes e alguns militantes tentaram conversar com os policiais, que reagiram com spray de pimenta e tiros de borracha. No meio da confusão, os policiais prenderam o deputado e pelo menos outras sete pessoas. Todos foram liberados cerca de três horas após a ação.

Liminar

O despejo da Ocupação Lanceiros Negros foi determinado em despacho judicial. Assinou a juíza Aline Santos Guaranha, da 7ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre. Durante a reintegração de posse, os ocupantes tentaram uma liminar para suspender a ação policial, mas o pedido acabou indeferido pela desembargadora Adriana da Silva Ribeiro.

As cerca de 70 famílias que ocupavam o edifício desde novembro de 2015 foram encaminhadas ao Centro Vida, na zona norte de Porto Alegre.

Repercussão

Após a desocupação, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) publicou uma nota. Protestou contra a ação da BM.

"Com bombas de efeito moral, spray de pimenta e um forte aparato do Grupo de Ações Táticas Especiais, a Brigada Militar começou a ação de reintegração de posse da Ocupação Lanceiros Negros, sem portar nenhum mandado de reintegração, sem nenhum diálogo com as lideranças do movimento. Todos os policiais estavam sem identificação, demostrando a face fascista da operação", informou o movimento, em nota.

O MLB destacou que, antes da chegada da Ocupação Lanceiros Negros, o prédio estava abandonado há 12 anos. "Essa brigada e o governo são violadores de direitos. Colocaram na rua, no frio, com fome, mulheres, gestantes, crianças, indígenas e trabalhadores que hoje não têm para onde ir. Mas isso não irá nos desmobilizar. Iremos fazer muita luta nessa cidade", afirmou Priscila Voigt, integrante do movimento.

Governo

O governo do Rio Grande do Sul também emitiu nota. Tentou justificar a ação da BM e a retirada das famílias da ocupação.

"Foram feitas sucessivas mediações e esgotadas todas as alternativas de resolução consensual. O conflito (segue) ao longo de um ano e meio. Seja na presença de representantes do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), seja perante o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc). Ou, ainda, no Centro de Conciliação e Mediação da Procuradoria-Geral do Estado (PGE/RS)”, acrescenta.

Conforme a nota, o local será reformado e ocupado pela Defesa Civil e por setores da Casa Civil gaúchas. Segundo o governo, "o prédio invadido oferece risco por ser histórico, impróprio para habitação, sobretudo pelo piso antigo estar cedendo".

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