Rio tem aumento de indicadores de transplantes

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Publicado Quinta, 27 de Abril de 2017 às 12:09, por: CdB

Transplantes de coração, considerados complexos, tiveram o registro até então inédito no Rio de Janeiro de cinco procedimentos em três meses

Por Redação, com ACS - do Rio de Janeiro:

Prestes a completar sete anos de atuação, o Programa Estadual de Transplantes (PET) registrou, no primeiro trimestre de 2017, crescimento em todos os seus indicadores, quando comparados ao primeiro trimestre de 2016. Transplantes de coração, considerados complexos, tiveram o registro até então inédito no Rio de Janeiro de cinco procedimentos em três meses, o que é considerada uma marca histórica para o estado. No mesmo período, no ano passado, foi apenas um. Os números de transplantes de fígado e de rins também apresentam crescimento, quando comparados ao primeiro trimestre de 2016: foram 66 transplantes hepáticos e 100 renais no primeiro trimestre deste ano; e 42 hepáticos e 82 renais no mesmo período do ano passado.

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PET completa sete anos superando a marca de 8,5 mil procedimentos

– A conscientização da sociedade quanto à importância de falar sobre esse assunto e de, em um momento difícil. Que é a perda de um ente querido, autorizar a doação, é o que impacta diretamente nos transplantes. A doação de órgãos é um ato de amor, totalmente altruísta. E permite uma nova chance para quem precisa de um procedimento como este para sobreviver – explicou Luiz Antonio Teixeira Jr., secretário de Saúde.

Em 2017, o número de transplantes de córnea, que já tiveram tempo de espera de até 10 anos. Bateram novamente o recorde de procedimentos realizados. Uma vez que 2016 já havia superado o ano de 2015. Em 2017, nestes três primeiros meses. Foram 153 procedimentos. Enquanto em 2016, no mesmo período, foram 113.

– Além do aumento do número de transplantes em todas as modalidades. O tempo de espera também reduziu. O caso da córnea tem sido o mais emblemático, que passou de quase 10 anos para cerca de 1 ano e meio. Quando ultrapassamos pela primeira vez a barreira de 500 transplantes em 2016.

– O PET tem adotado diversas ações de gestão e educação, tanto para profissionais de saúde quanto para a sociedade. Com o objetivo de retomar o crescimento e isso se reflete nos indicadores positivos. Que alcançamos neste primeiro trimestre de 2017 – destacou o nefrologista Rodrigo Sarlo, coordenador do PET.

Doadores

Em 2016, o programa encerrou o ano com taxa de doação em 13.8 PMP (por milhão de habitante). Já no primeiro trimestre de 2017 apresentou alta, chegando a 15.4 (PMP). O que representa uma variação positiva de 12%.

Desde que foi criado, em 26 de abril de 2010. O programa já ultrapassou a marca de 8.593 transplantes de órgãos e tecidos realizados nos últimos sete anos. Mudando completamente o cenário deste tipo de procedimento no Estado do Rio de Janeiro.

Transplantes de órgãos e tecidos

Aos 41 anos, subir os 72 degraus que separam o asfalto de sua casa, na comunidade da Rocinha, era um grande desafio para José Osmar. Portador da Doença de Chagas, ele viu sua vida mudar com o telefonema do Programa Estadual de Transplantes (PET). Para informá-lo de que havia um coração compatível para o procedimento que salvaria sua vida. Hoje, aos 45, ele pretende comemorar mais um ano da nova vida correndo a Meia Maratona Internacional do Rio, em agosto.

– Se não fosse pela família que autorizou a doação de órgãos, não estaria aqui para contar minha história. Passei por muitas dificuldades, sem sequer conseguir participar da vida dos meus filhos. Porque o mínimo esforço era demais para mim.

Transplante

– Só conseguia dormir sentado, ou sentia falta de ar. Depois do transplante, foi como se eu tivesse voltado a viver. Serei eternamente grato à família do doador que teve uma atitude tão nobre para salvar a vida de um desconhecido – contou José.

A mesma emoção é aguardada com ansiedade pelo fotógrafo Joe Eleotério, de 47 anos, morador de Nova Iguaçu. Há quatro meses na lista da Central Estadual de Transplantes, à espera de um doador compatível. Para realizar um procedimento de coração. Ele não perde a esperança de receber a ligação com a notícia mais importante que a família pode receber.

Causa

Joe tem cardiomegalia, doença que causa aumento no tamanho do coração em proporções anormais. E começou a se tratar aos 26 anos. Ele conta que dois tios já faleceram, vítimas da mesma doença. Ao receber a notícia de que entraria para a lista de espera por um órgão. Joe rapidamente decidiu fazer o que está ao seu alcance para sobreviver.

– Quando soubemos que precisaria de um transplante, eu e minha família passamos a falar sobre a doação de órgãos com amigos e com nossa vizinhança. Já recebi duas ligações. Mas os órgãos não foram compatíveis – disse Joe.

Legislação

A legislação brasileira determina que apenas parentes diretos de pacientes. Com diagnóstico de morte encefálica têm o direito de autorizar a doação de órgãos e tecidos.

Não há nenhum documento que possa ser deixado em vida para garantir que a doação ocorra após a morte. Portanto, conversar entre as famílias e expor o desejo de ser doador é a forma mais importante de fazer com que essa vontade seja respeitada.

Em 2016, entre as famílias entrevistadas pelas equipes de acolhimento familiar, 46% deram resposta negativa à doação. Já nestes três primeiros meses, o índice está em 40,6%.

– Isso mostra que 59,3% das famílias nesta situação disseram “sim” à doação. Cada vida é importante. Por isso, a conscientização da sociedade é tão importante. A captação de órgãos para transplantes só acontece mediante a autorização familiar – explicou Patrícia Bueno, assistente social do PET.

Doe+Vida

Com trabalho de assistência de parentes de pacientes vítimas, as equipes da Coordenação Familiar também realizam, desde 2015, palestras de conscientização em empresas, instituições e diferentes entidades para falar sobre o assunto. Em dois anos, mais de 1,7 mil pessoas já participaram das palestras. Além disso, o programa disponibiliza o site www.doemaisvida.com.br, onde as pessoas que querem se declarar doadoras podem se cadastrar e compartilhar a vontade com familiares e amigos.

Apesar de não ser um documento legal, uma vez que somente familiares diretos podem autorizar a doação. O cadastro visa estimular as famílias que discutam o assunto, busquem informações e compartilhem entre todos a vontade de ser doador. Para os mais de 2 mil pacientes que aguardam por um transplante no estado, a esperança de uma nova vida começa com o “sim” de uma família. Que, mesmo em um momento de extrema dor. Pode dar uma nova oportunidade para outras pessoas.
 

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