Rússia se mantém evasiva em relação ao Iraque

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Publicado Sexta, 20 de Setembro de 2002 às 22:07, por: CdB

As tentativas do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de ganhar o apoio da Rússia para um possível ataque ao Iraque tiveram pouco progresso nesta sexta-feira. Depois de um encontro na Casa Branca, os ministros da Defesa e das Relações Exteriores da Rússia permaneceram silenciosos quando questionados se o presidente americano havia conseguido convencê-los a mudar de idéia e apoiar a proposta de uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) para pressionar o Iraque. "A Rússia e os Estados Unidos acreditam que o Iraque deve obedecer a todas as resoluções do Conselho de Segurança", disse o ministro das Relações Exteriores, Igor Ivanov, enfatizando o papel que a Rússia teve em extrair a oferta apresentada por Saddam Hussein. Antes do encontro, o presidente russo, Vladimir Plutin, havia dito ao presidente Bush, por telefone, que era prioridade para o seu país "que as inspeções da ONU no Iraque começassem o mais rapidamente possível". Ofertas Bush está pressionando a ONU para que aprove uma resolução estabelecendo um prazo para que o líder iraquiano Saddam Hussein se enquadre nos critérios de inspeção de armas defendidas pelas Nações Unidas ou enfrente a possibilidade de uma ação militar. O governo russo já afirmou que não vê a necessidade de uma nova resolução do Conselho de Segurança, já que o Iraque já se ofereceu para permitir a volta dos inspetores de armas da ONU ao país. De acordo com correspondentes, o governo americano tinha duas ofertas para apresentar à Rússia no encontro desta sexta-feira: um papel na reconstrução do Iraque depois da guerra e ajuda em lidar com os rebeldes da Georgia. O ministro da Defesa, Sergei Ivanov, indicou que houve progresso na questão Georgia. "Eu acredito que os Estados Unidos compartilham da nossa preocupação (em relação à Georgia)", afirmou Ivanov, acrescentando que a sua delegação havia "apresentado provas" do apoio da Georgia aos rebeldes da Tchetchênia. "É muito claro....existe uma grande ameaça vindo da Georgia", completou o ministro. Até agora, o governo americano tem se oposto à ameaça de intervenção militar de Moscou em Pankisi Gorge, onde o governo russo acredita que os rebeldes estão sendo autorizados, pelo governo da Georgia, a viver. Truque O governo americano acredita que a oferta do Iraque de permitir os inspetores da ONU é um truque. O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse que o país vai encontrar uma maneira de impedir que os inspetores de armas voltem ao Iraque, a não ser que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma resolução mais dura contra o país. Num discurso a uma comissão do Congresso, Powell disse que o Conselho de Segurança deve deixar claro que o Iraque vai sofrer sérias conseqüências se não cooperar com os inspetores. O correspondente da BBC no Departamento de Estado, Jon Leyne, diz que o governo americano está, na prática, dando um ultimato ao Conselho de Segurança. O chefe dos inspetores da ONU, Hans Blix, anunciou ao Conselho de Segurança que um primeiro grupo de inspetores deve chegar a Bagdá no dia 15 de outubro, mas a operação completa deve demorar pelo menos quatro meses. "Vamos selecionar alguns locais para esta primeira fase", afirmou Blix. Também na ONU, o ministro das Relações Exteriores do Iraque, Naji Sabri, leu uma mensagem do presidente Saddam Hussein acusando o governo americano de estar mentindo em relação à posse de armas pelo Iraque. Saddam Hussein insistiu que seu país não tem armas químicas, biológicas ou nucleares. Na quinta-feira, em uma resolução passada ao Congresso, o presidente Bush pediu que os legisladores aprovassem todos os meios necessários e apropriados de fazer com que o Iraque cumpra as resoluções da ONU. "Se o Conselho de Segurança da ONU não lidar com o problema, nós e alguns dos nossos amigos iremos", disse Bush.

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