Situação dos EUA se complica após negativa de apoio do Irã

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Publicado Quinta, 27 de Setembro de 2001 às 13:11, por: CdB

Enquanto o mulá Muhammed Omar, líder supremo do Talebã, adverte os EUA para a crueldade da guerra que se aproxima, o líder religioso do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou o presidente George W. Bush e os Estados Unidos, nesta quarta-feira, de "usar a crise atual para expandir sua influência na Ásia Central". Fica cada vez mais distante a esperança dos EUA de montar uma coalisão de forças muçulmanas para invadir o Afeganistão. Khamenei disse que os EUA não têm capacidade para liderar uma ação global contra o terrorismo. Segundo ele, o Irã não vai cooperar com um possível ataque contra o Afeganistão. O aiatolá Khamenei fez as declarações durante um discurso para veteranos de guerra que cantaram música "Morte à América". Discurso duro Os comentários do aiatolá Khamenei representam um claro endurecimento na liderança iraniana com relação aos EUA. Na terça-feira, o aiotalá convocou um encontro de emergência do Conselho Supremo de Segurança Nacional para discutir a crise. O órgão reúne altos funcionários do governo e militares do Irã. O presidente iraniano, o reformista Mohamed Khatami, condenou os ataques contra o World Trade Center em Nova York e o Pentágono, em Washington. Khatami, no entanto, criticou o discurso do presidente americano, George W. Bush, que pediu ao mundo para optar entre os Estados Unidos e os terroristas. Talebã avisa que a guerra vai ser cruel Em um duro alerta aos Estados Unidos, o líder supremo do regime Talebã, que controla a maior parte do Afeganistão, disse que qualquer intervenção no país sofrerá o mesmo destino da União Soviética, na década de 1980. Na declaração divulgada pela Afghan Islamic Press, o mulá Mohammad Omar disse que qualquer afegão que apóie os Estados Unidos na tentativa de depor o regime será tratado como inimigo. "Aqueles afegãos que querem tomar o poder no Afeganistão com a ajuda das tropas norte-americanas são os mesmos que vieram ao país com a ajuda das tropas soviéticas", disse Omar, referindo-se à invasão soviética em dezembro de 1979. Os soviéticos retiraram-se dez anos depois, em 1989. "No caso de uma intervenção no Afeganistão, não será feita diferença entre os Estados Unidos e a Rússia, e aqueles afegãos que são trazidos por norte-americanos serão tratados como os então apoiados pelos comunistas", garantiu. O Talebã ascendeu ao poder há cinco anos e continua a travar uma guerra civil com as forças da Aliança do Norte, que controla uma parte do território. Os comentários do mulá Omar foram feitos em meio a articulações do Governo Bush, que são chamadas por autoridades norte-americanas de uma ampla estratégia para efetuar mudanças fundamentais no Afeganistão. Enfatizando que não poderiam "impor" um novo governo ao povo afegão, as autoridades norte-americanas afirmaram que estão trabalhando com uma variedade de "nacionalistas afegãos" - grupos étnicos, religiosos e políticos afegãos, dentro do país e da diáspora - na esperança de que eles se associem e formem uma nova coalizão governista. O mulá Mohammad Omar subestimou as ameaças de um ataque dos Estados Unidos e encorajou dezenas de milhares de afegãos a voltarem ao país. O mulá disse ainda que há menos possibilidades de um ataque já que segundo ele os Estados Unidos não têm provas de que Bin Laden esteja envolvido nos atentados do dia 11. - São menores as chances de um ataque americano. Os Estados Unidos não têm razão, justificativa ou evidências para um ataque - disse Omar em uma mensagem distribuída pelo Ministério da Informação.

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