Temer e Aécio se unem para tirar Tasso Jereissati do ninho tucano

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Publicado Segunda, 21 de Agosto de 2017 às 12:48, por: CdB

A ação coordenada entre o presidente de facto, Michel Temer, e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), ambos citados em processos por corrupção no âmbito da Operação Lava Jato, tem causado um cisma no ninho tucano.

 

Por Redação - de Brasília e São Paulo

 

Os encontros entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente Michel Temer (PMDB), nos últimos dias, com o objetivo de retirar da Presidência da legenda tucana o senador Tasso Jereissati (CE), tem causado um abalo sísmico no partido. Temer não esconde sua intenção de minar a permanência do tucano cearense. Jereissati tem promovido ataques em série ao governo empossado após a derrubada da presidenta Dilma Rousseff.

Apoio a Ciro

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Aécio Neves se juntou a Michel Temer na tentativa de derrubar Tasso Jereissati do ninho tucano

Em um programa eleitoral, na semana passada, o PSDB chegou a pedir desculpas públicas por patrocinar o golpe de Estado, em curso no país. As críticas têm levantado obstáculos ao governo no Parlamento, o que dificulta a votação de medidas econômicas vitais para a permanência de Temer no cargo.

Para o Planalto, Jereissati não representa a posição majoritária do partido. Fontes ligadas à área política do governo chegaram a espalhar o boato que Jereissati aliou-se a Ciro Gomes, a exemplo do que ocorreu em 2002, abandonando o candidato José Serra.

Após a divulgação de uma nota dos tucanos paulistas, Aécio Neves e o diretório mineiro do partido reagiram em uníssono. O deputado Domingos Sávio, presidente tucano em MG, disse que a reação dos correligionários é um “oportunismo lamentável”. Já Aécio disse, em nota, que é “natural que lideranças do partido tenham conversas com o presidente e membros do governo”.

Outra nota

A nota foi assinada pelo vereador Mário Covas Neto, do PSDB paulistano, e estremeceu as relações no ninho tucano. Covas criticou a reunião de Aécio Neves com Temer, na última sexta-feira. No documento, o vereador afirmou que a presença de Aécio em reuniões internas ou públicas causa desconforto e embaraços à legenda.

Mário Covas Neto completou a provocação cobrando que o senador primeiro prove a sua inocência e só depois retorne ao partido. Acrescentou, ainda, que quem pode falar em nome do PSDB é quem está no exercício da presidência. No caso, o senador Tasso Jereissati.


Em outra nota, o presidente do Diretório Estadual do PSDB paulista, deputado Pedro Tobias, discordou do posicionamento de Mário Covas Neto. Ele disse que, como senador eleito por Minas Gerais, Aécio tem o dever de exercer na plenitude o seu mandato.

Irmãos Batista


Em seu perfil no Twitter, Temer disse que recebeu o senador Aécio Neves para tratar de assunto relacionado com a Companhia de Energia de Minas (Cemig). Disse, ainda, que não existe nada mais normal que senadores tratem dos assuntos de interesse de seus Estados. O peemedebista escreveu, ainda, que não entra em assuntos internos de outras legendas. Não fez, e nem o faria em relação ao PSDB.


Aécio Neves confirmou, por meio de nota, que o encontro com Temer tratou de assuntos de interesse da Cemig. O senador negou que tenha discutido questões internas do PSDB. Disse que esses temas são discutidos internamente, e não tem qualquer participação do governo ou do presidente.


Aécio foi afastado do Senado em maio, depois de denúncias de recebimento de propina do Grupo JBS, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. O senador retornou às atividades parlamentares em junho, depois de uma decisão do Supremo Tribunal Federal.

Divisão nacional

A divisão do PSDB, no entanto, ocorre em nível nacional. Um dos fatos mais recentes, que evidencia o abalo interno, foi a votação na Câmara dos Deputados. O partido votou dividido quanto ao andamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra Temer. Ao longo da crise gerada pela delação premiada da JBS, que embasou a denúncia, parte dos tucanos passou a defender a permanência dos ministros do partido no governo; outra parte passou a defender o desembarque.

O grupo ligado a Aécio e ministros tucanos do governo Temer têm criticado decisões tomadas por Jereissati. Entre elas, o programa partidário em que se refere ao atual sistema de governo como "presidencialismo de cooptação". Defende, ainda, o parlamentarismo. Esse grupo se movimenta para que Aécio reassuma o comando da sigla.

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