Saída de Parente marca a debandada prevista para o governo impopular do presidente de facto, Michel Temer.
Por Redação, com RBA – de Brasília e São Paulo
O locaute dos caminhoneiros não estava, definitivamente, nos planos do que resta do governo de Michel Temer (MDB). O presidente de facto e seus assessores mais próximos, agora, buscam uma alternativa para os próximos meses. Na prática, o governo está de joelhos.

Até a mídia conservadora, que ainda mantinha de pé alguns dos pontos de apoio da atual gestão desembarcaram da aventura iniciada com o golpe de Estado, há dois anos. Mesmo na base aliada, parlamentares especulam sobre a iminente queda do peemedebista.
Importante parcela dos grandes empresários, que colaboraram com a queda da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT) já não esconde mais a decepção.
Mesmo entre os trabalhadores, na opinião de Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o governo esmaece rapidamente.
— O país passa por uma sarneyzação aprofundada. Apesar disso, acredito que ele fica, mas absolutamente enfraquecido. Apostar na substituição de Temer seria entregar para o Rodrigo Maia para que ele faça eleição indireta. As pessoas estão dispostas a tirar Michel Temer e colocar Rodrigo Maia? — questiona.
Renúncia
Para Queiroz, os empresários questionam a solução da queda de Temer
— Uma coisa é a irritação deles. Outra, a disposição em ampliar ainda mais a insegurança jurídica e política do país. Tumultuaria mais ainda o cenário. Há muita dúvida em relação a esse caminho — acredita.
A menos que fosse obrigado por circunstâncias extremas, uma renúncia do presidente é uma possibilidade remota, já que se abdicasse do cargo ficaria vulnerável às ações penais contra ele.
— Ele tem medo das consequências jurídicas dos processos que suspendeu na Câmara, e que vão voltar a caminhar, no Supremo Tribunal Federal, quando deixar de ser presidente — emenda o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
Supremo
Quanto a um processo de impeachment, o calendário virtualmente o elimina.
— Motivos para um processo de impeachment não faltam, mas o tempo é o mesmo da eleição. Estamos a quatro meses de uma eleição que produzirá um governo com legitimidade. Apesar de reconhecer a falência do governo, não vejo condições de a eleição ser antecipada. Por isso, imagino que o Brasil, infelizmente, vai seguir com o infortúnio desse governo — acredita Orlando Silva.
Os artigos 80 e 81 da Constituição preveem que, em caso de vacância dos cargos de presidente e vice, a “linha de sucessão” prevê que assumam, pela ordem, o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal.
Embaixada
Depois de 90 dias, seria realizada eleição indireta.
O assessor especial do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, considera como uma “variável” possível, entre outras, que “Temer, mais dia, menos dia, vai cair mesmo, e pode ir direto para a prisão”.
E, considerando essa possibilidade ou “variável”, ele ironiza que o presidente poderia “conseguir uma embaixada para poder sair do país”.