Tentativa de constranger STF coloca Bolsonaro em rota de colisão

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Publicado Quinta, 07 de Maio de 2020 às 11:16, por: CdB

Bolsonaro contratou a filmagem do momento em que atravessava a Praça dos Três Poderes com um grupo de 15 empresários e ministros, entre eles o da Economia, Paulo Guedes, e se reunia com o presidente do STF, ministro Dias Toffoli.

Por Redação - de Brasília
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Em nenhum momento, Bolsonaro dirigiu o olhar ao presidente do STF, Dias Toffoli
A visita-surpresa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e uma comitiva de empresários à sede do Supremo Tribunal Federal (STF) foi tentativa de constranger o Judiciário, conforme leitura de ministros da Corte Suprema, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil. O ambiente ficou tenso, diante do que alguns magistrados chamaram de “circo”, montado pela equipe do mandatário neofascista. Bolsonaro contratou a filmagem do momento em que atravessava a Praça dos Três Poderes com um grupo de 15 empresários e ministros, entre eles o da Economia, Paulo Guedes, e se reunia com o presidente do STF, ministro Dias Toffoli. O objetivo claro da reunião, pedida de emergência, foi pressionar O STF pelo fim do isolamento social e a retirada de poder dos Estados e Municípios para as medidas de combate à pandemia da covid-19. Surpreendidos com a transmissão ao vivo da reunião, pelas redes sociais de Bolsonaro, o ambiente nos gabinetes da Corte ficou tenso. Alguns ministros comentaram, com interlocutores, que as atitudes de Bolsonaro se transformaram para um risco às instituições democráticas. Toffoli, porém, rejeitou de pronto a tentativa de constrangimento por parte de Bolsonaro, que durante todo o tempo não olhava para o presidente da Corte, mesmo quando esse lhe dirigia a palavra, e disse que o governo federal precisa dialogar com governadores e prefeitos, e não com o STF. Segundo o presidente da Corte, Bolsonaro deveria, antes de buscar uma solução jurídica para o problema, conversar com governadores e prefeitos com um plano efetivo contra a pandemia.

Industriais

Entre os empresários presentes, estavam representantes de setores como o têxtil, de produção de cimento, energia, cimento, farmacêutico, de máquinas, calçados e energia. Foram ali representados por José Ricardo Roriz Coelho, da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast); Fernando Valente Pimentel, da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit); José Velloso Dias Cardoso, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq); e Paulo Camilo Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). Compareceram, ainda, Elizabeth de Carvalhaes, da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma); Synesio Batista da Costa, da Associação das Indústrias de Brinquedos (Abrinq); Haroldo Ferreira, da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Ciro Marino; e da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Integraram, ainda, a comitiva de Bolsonaro os industriais José Jorge do Nascimento Junior, da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros); José Rodrigues Martins, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC); José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB); e Humberto Barbato, da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Segundo Bolsonaro o grupo de empresário representa mais de 40% do PIB e 30 milhões de empregos. Ainda na conta do presidente, todos podem ser “esmagados” pela crise econômica caso não haja a retomada da atividade industrial.

Economia

Bolsonaro levou para a conversa com Toffoli empresários que estiveram na manhã no Palácio do Planalto para pedir a flexibilização das medidas de isolamento. Durante o encontro, o presidente assinou decreto incluindo entre as áreas essenciais o setor de construção civil e afirmou que outros virão. — Alguns Estados foram um pouco longe nas medidas restritivas e as consequências estão batendo à porta de todos. Temos já 38 milhões de informais e autônomos que perderam a renda ou tiveram substancialmente reduzido. Entre os formais, com carteira assinada, está chegando a 10 milhões de desempregados. E esse número tende a crescer. É colapsar a economia — argumentou o mandatário. Dados do Ministério da Saúde divulgados na véspera mostram que o Brasil bateu um novo recorde de mortes por coronavírus registradas em um dia, com 615 novos óbitos. Tornou-se, assim, o sexto país com mais óbitos no mundo, segundo a Universidade Johns Hopkins (EUA), que monitora dados da pandemia. Com um total de 8.536 mortes por coronavírus, o Brasil ultrapassou a Bélgica, que tem 8.339 óbitos. Os cinco primeiros países com mais óbitos são EUA (72.617), Reino Unido (30.150), Itália (29.684), Espanha (25.613) e França (25.538). Também houve 10.503 novos casos confirmados no Brasil — o total é de 125.218. Nesse quesito, o país fica em 9º no ranking mundial.
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