Tentativa de golpe na Turquia termina com a prisão dos rebeldes

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Publicado Sexta, 15 de Julho de 2016 às 19:27, por: CdB

Pilotos pró-democracia derrubaram um helicóptero dos rebeldes, nos momentos de maior tensão no país

 
Por Redação, com agências de notícias - de Ancara
  Os militares da Turquia disseram nesta sexta-feira que tomaram o poder, mas o presidente Tayyip Erdogan, em uma contra-ofensiva, convocou a população para sair às ruas e a tentativa de golpe foi neutralizada em questão de horas. Após o apelo público, as principais ruas da capital, Ancara, foram tomadas por uma multidão desarmada, mas disposta a deter o rompimento com a democracia. Mesmo sem armas, os cidadão turcos expulsaram os golpistas do aeroporto, impediram o avanço de tanques, sem que os articuladores da deposição de Erdogan tivessem tempo de reagir. Até agora foram contados 17 corpos de mártires pela democracia.
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Milhares de cidadãos turcos foram às ruas e derrotaram o golpe de Estado
Pilotos pró-democracia derrubaram um helicóptero dos rebeldes, nos momentos de maior tensão no país. Tanto a Rússia quanto os EUA aguardavam informes da inteligência, mais confiáveis do que as mensagens transmitidas pelas rádios ocupadas. Os rebeldes, que tentavam um golpe contra o governo de Erdogan, terminaram presos por populares e conduzidos até a polícia, sob aplausos da multidão. Carros abertos com civis carregando bandeiras passaram a desfilar em homenagem à democracia Uma derrota das forças democráticas, a essa altura dos acontecimentos, representaria uma das maiores mudanças de poder no Oriente Médio em mais de uma década, transformando um dos mais importantes aliados dos Estados Unidos enquanto uma guerra é travada em sua fronteira. Mesmo se falhar, a tentativa de golpe poderia desestabilizar um país crucial na região. — Nós vamos superar isso — disse Erdogan, falando em uma chamada de vídeo de um celular com a CNN. Ele pediu aos seus apoiadores para tomar as ruas para defender seu governo e afirmou que os golpistas pagarão um preço alto.

O povo contra o golpe

Os rebeldes, armados, chegaram a tomar o controle da televisão estatal TRT, que anunciou um toque de recolher em todo o país e uma lei marcial. Um apresentador leu uma declaração sob as ordens dos militares, que acusaram o governo de corroer o regime democrático e o Estado de direito secular. O país seria comandado por um "conselho de paz", segundo o comunicado. Mais cedo, as Forças Armadas disseram em comunicado enviado por e-mail e relatado por canais de TV turcos que tomaram o poder no país para proteger a ordem democrática e manter os direitos humanos. Todas as relações exteriores atuais da Turquia serão mantidas, e a manutenção da lei continua a prioridade, disse o texto. A agência de notícias turca de notícias Anadolu declarou que o chefe do corpo militar da Turquia estava entre as pessoas tomadas como reféns na capital Ancara. A CNN turca também relatou que reféns eram mantidos em sedes militares. A Turquia, uma integrante da Otan e segundo maior efetivo militar da aliança, é um dos mais importantes aliados dos EUA na luta contra o Estado Islâmico. O país fornece apoio aos oponentes do presidente da Síria, Bashar al-Assad, na guerra civil do país e abriga dois milhões de refugiados sírios. Além disso, a Turquia está em guerra com os curdos separatistas e sofreu vários ataques a bomba e tiros neste ano, incluindo um há duas semanas cometido por islâmicos no principal aeroporto de Istambul, que matou mais de 40 pessoas. Depois de ocupar o cargo de primeiro-ministro desde 2003, Erdogan foi eleito em 2014 presidente com planos para mudar a Constituição e dar mais poderes executivos à Presidência. O seu partido, o AKP, tem origens no islamismo e há muito tempo mantém uma relação tensa com os militares e nacionalistas num Estado fundado a partir de princípios secularistas depois da Primeira Guerra Mundial, e que tem uma história de golpes militares.
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