Terror marca a inauguração trágica de uma nova era

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Publicado Terça, 11 de Setembro de 2001 às 14:08, por: CdB

O mundo assistiu pasmado, ao vivo para todo o planeta, à inauguração trágica, após a destruição das torres gêmeas do World Trade Center, nos EUA, de uma era onde a bestialidade ocupa o lugar da sensatez. Onde a morte estúpida de mi-lhares de inocentes suplanta os direitos humanos mais básicos e essenciais à vida em sociedade. De um lado da questão mora a prepotência daqueles que se consideravam superiores e invulneráveis, capazes de falar em retaliações mesmo dian-te dos cadáveres que se amontoam em Manhattan, sob os escombros de um dos principais símbolos da força do capital e do consumo neste mundo que, após esta tragédia, está fadado a mudanças radicais no futuro próximo. Da outra parte, a dos terroristas que lançaram mão de suas vidas por uma causa ainda não esclarecida - posto nenhuma das facções radicais do mundo ter assumido a autoria de tais crimes -, resta o fanatismo que vence a serenidade e sepulta, junto com seus corpos, a esperança de dias mais tranqüilos para toda a humanidade. Ninguém, em sã consciência, pode afirmar que uma catástrofe destas não é a his-tória de uma tragédia anunciada. Cada confronto na Palestina, cada cartucho ou míssil disparado no Oriente Médio, em uma guerra fraticida e sem trégua há décadas - desde a invasão dos territórios ocupados pelos judeus, que ali criaram o estado de Israel -, eram anúncios de uma onda de terror como esta que destruiu o World Trade Center e o Pentágono, ambas instituições que se transformaram em marcos do poderio norte-americano em todo o mundo. A postura dos norte-americanos, por si mesma, também pode ser vista como indutor e catalizador de uma reação em cadeia como esta observada na manhã desta terça-feira, quando três aviões foram deliberadamente lançados sobre os alvos civis e militares em solo dos EUA. A humanidade encontra-se perplexa, agora, sob o tridente da discórdia que paira na maioria dos países do Ocidente, principalmente naqueles onde se concentram as maiores fortunas do mundo civilizado. O regime de força com que o consumo e o acúmulo de capital dirigiram as nações até agora sofreu o duro golpe da intolerância, ato típico daqueles que se deixam levar pela verdade única e inconcebível do fanatismo. O terrorismo, como se constata na escalada que, literalmente, trans-formou em pó alguns dos principais símbolos do capitalismo moderno, transformou-se no grito daqueles países não alinhados aos EUA, mas de joelhos diante dogmas religiosos ou políticos que remontam à Idade Média ou antes até. O aceno de desespero das vítimas, nas janelas das torres gêmeas, pouco antes que desabassem, ou o gesto desesperado de saltar no vazio, a mais de cem an-dares do solo, no entanto, parecem não sensibilizar nenhuma das partes, sejam os EUA ou as organizações terroristas que comemoram o sucesso absurdo desta empreitada mortal. Quem haverá de falar em paz diante tanta dor? Quem irá pregar a tolerância e a justiça doravante, quando somente a ira e o temor parecem dominar o cenário geopolítico mundial? No entanto, é necessário que se faça uma reflexão para que se estabeleça uma nova ordem e um novo paradigma a nossa sociedade. Não é mais possível manter intacto o modelo que ruiu, naquela manhã ensolarada de verão em Nova Iorque e Washington, alvejado por aviões repletos de passageiros. O projeto de humanidade construído até agora não estava mesmo dando certo, apenas não se imagina necessário o desperdício e o sacrifício tama-nho de vidas como ocorreu nos Estados Unidos. Se a sociedade de consumo, como está estruturada, abre margem para um ódio tão grande quanto o que se viu, ao vivo e em cores, nos quatro cantos do mundo, o fanatismo religioso ou político capaz de executar, a sangue frio, atos de tamanha envergadura maléfica não fica para trás na corrida para ver quem consegue transformar o mundo em um lugar ainda mais inóspito à vida humana. No momento em que a intolerância religiosa faz crianças chorarem à caminho da escola, na Irlanda, sob vaias de marmanjos qu

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