A trajetória de Garotinho e a arma do populismo

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Publicado Quinta, 17 de Novembro de 2016 às 11:27, por: CdB

Garotinho tratou de dar continuidade à sua carreira através da mulher, Rosinha, elegendo-a governadora do Estado e fazendo-se seu secretário da segurança

 

Por Maria Fernanda Arruda - do Rio de Janeiro

 

Anthony Garotinho nasceu no PT, transferindo-se em 1983 para o PDT, como afilhado político de Leonel Brizola, baseado no prestígio perigoso de radialista, construído com o "assistencialismo", arma cada vez mais usada pelos que contam com os meios de divulgação, associados a movimentos religiosos pentecostais. Em 2000, transferiu-se para o PSB, dois anos depois tendo se aventurado como candidato à Presidência da República. Obteve grande votação, prêmio concedido pelos evangélicos.

aroeira-garotinho.jpgO cartunista Aroeira, em 2010, já previa que o ex-governador Anthony Garotinho seria preso

Garotinho tratou de dar continuidade à sua carreira através da mulher, Rosinha, elegendo-a governadora do Estado e fazendo-se seu secretário da segurança. Em 29 de maio de 2008, o ex-chefe de polícia de seu governo, o deputado Álvaro Lins, foi preso pela Polícia Federal em seu apartamento, tendo o MPF pedido o indiciamento de Garotinho por formação de quadrilha armada. Em agosto de 2010, Garotinho foi condenado por formação de quadrilha, junto ao ex-deputado estadual Álvaro Lins.

Abuso de poder

A Justiça Federal aplicou uma pena de dois anos e meio de prisão, convertidos em serviços à comunidade e suspensão de direitos políticos. Álvaro Lins foi condenado a 28 anos por formação de quadrilha armada, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O TRE-RJ também cassou o mandato de Rosinha Garotinho, prefeita da cidade de Campos dos Goytacazes, por abuso do poder econômico. Entendeu que ela teria sido beneficiada por publicações e por programas favoráveis na rádio O Diário.

A decisão tornou inelegíveis a prefeita, o ex-governador e mais três radialistas. Garotinho prosseguiu, contribuindo para levar a política do Rio de Janeiro à condição de submundo da prostituição dos homens públicos. Para ele, política sempre foi mecanismo de troca de favores e obtenção de vantagens. Exemplo disso: ao não ser atendido pela presidenta Dilma, no pedido de cargo no Banco do Brasil, imediatamente transferiu a filha para o PSDB, de Alckmin e Aécio.

Esquema

Segundo o juíz Glaucenir Silva de Oliveira, Garotinho comandava com "mão de ferro" um "verdadeiro esquema de corrupção eleitoral". Agia em Campos dos Goytacazes, norte do Estado, cidade onde sua família formou um clã político. O juiz Oliveira comanda a 100ª Zona Eleitoral. É ele que assina a ordem de prisão preventiva contra o ex-chefe do Executivo fluminense.

Na sentença, relata que os crimes foram cometidos por Garotinho e outros denunciados. Entre eles os vereadores Miguel Ribeiro Machado (PSL) e Ozéias Martins (PSDB) — estes, presos em 19 de outubro de 2016. Consistiam no cadastramento ilegal de membros do programa Cheque Cidadão. Em troca, os beneficiários prometiam votar nos candidatos que operavam o esquema.

Maria Fernanda Arruda é escritora e midiativista.

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