Para a massa de milhões de brasileiros uma nova Divina Comédia não teria o Paraíso somente o Inferno e o Purgatório. O Paraíso seria reservado para uma ínfima minoria de tubarões que se locupletam com a desgraça geral enquanto os lugares de sacrifício se encheriam com as multidões de trabalhadores e de seus aparentados
Por João Guilherme Vargas Netto - de São Paulo:
No Inferno estão seguramente os quase 30 milhões de subutilizados (na terminologia do IBGE) somados os mais de 12 milhões de desempregados (com 5 milhões deles de longa duração), os 4 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e os que trabalham menos horas do que precisam e os disponíveis mas que não podem trabalhar.
No Purgatório estão os milhões de trabalhadores informais (sem Previdência; sem direitos, sem qualificação) e até mesmo os trabalhadores formais; acossados duramente pela lei celerada da deforma trabalhista.
A mala vita é generalizada e o pessimismo se faz acompanhar de choro e ranger de dentes com o “pavor nacional do dia de amanhã”; na expressão de Lima Barreto.
Trabalhadores
Neste quadro dantesco em que o movimento sindical dos trabalhadores; com uma taxa de sindicalização de 18% da população economicamente ativa; faz o possível e o impossível para ser relevante e resistir, qualquer boa notícia é alvissareira.
E uma boa notícia foi a posse, no dia 26 às 17h, do novo presidente do TST; ministro João Batista Brito Pereira.
Antes mesmo dela recebeu em audiência uma delegação expressiva de dirigentes sindicais; quando se declarou favorável ao diálogo social dando voz aos sindicatos dos trabalhadores e defensor do papel civilizatório da Justiça do Trabalho. E até já marcou para amanhã uma audiência com as direções das centrais sindicais.
TST
O novo presidente é maranhense e integra o TST desde 2000. Foi advogado trabalhista militante e do Ministério Público do Trabalho; o que lhe deu acesso ao tribunal superior. Embora procurado por veículos de comunicação sindical e da grande mídia para entrevistas, sua assessoria somente a viabilizará após a posse.
O movimento sindical valoriza seu novo mandato como notícia boa e quer; quanto mais cedo melhor, conhecer suas orientações e determinações funcionais, apoiando-o no fortalecimento da Justiça do Trabalho; para enfrentarem juntos o dantesco quadro descrito acima.
João Guilherme Vargas Netto, é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo