10 anos sem Cobain

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Publicado Terça, 06 de Abril de 2004 às 18:51, por: CdB

Sua banda, o Nirvana, surgiu nos Estados Unidos do fim da era Reagan, um período em que o rock era associado a cabelos longos, roupas colantes e letras pesadas.

Cobain livrou o rock do excesso, combinando a simplicidade crua e a ética "cada um na sua" do punk com um som metálico melodioso. Uma receita que atraiu milhões de fãs.

As letras de Cobain eram frias e descomprometidas, ora versando sobre os detalhes das suas experiências pessoais, ora atacando o mundo corporativo americano.

As palavras chegavam aos nossos ouvidos com um estilo vocal tenso, que mais parecia um grito de raiva.

As canções exprimiu uma cólera - às vezes até um desespero -, que ressoava entre os jovens e desapegados ouvintes em todo o mundo, captando o espírito "preguiçoso" próprio da idade. 

Cobain era uma pessoa complexa, mal-tratado por um ódio a si mesmo e enfraquecido por uma série de úlceras agudas no estômago - muitas para a sua pouca idade.

"Desde que tinha sete anos, comecei a ter uma atitude de ódio em relação aos seres humanos em geral", disse ele em sua carta de suicídio. A frustração que ele sempre expressou encontrou abrigo em lares de todo o mundo.

Sua música ofereceu refúgio para os desapropriados e os marginalizados, mas também ao adolescente revoltado por natureza.

Dez anos depois, nenhum shopping center de uma pequena cidade parece verdadeiro se não houver por ali um grupo de jovens usando suas camisetas pretas com o símbolo do Nirvana.
O caso de amor com os álbuns da banda ainda é quente e inspirou um número incontável de adolescentes a comprar uma guitarra e formar uma banda. E o espírito de Cobain ainda paira sobre a cena de rock alternativo: ele está por trás do brilho nu-metal de bandas como Nickelback e Limp Bizkit, e no pós-punk estudado de grupos como Franz Ferdinand. 

Kurt Donald Cobain nasceu em 20 de fevereiro de 1967 em Aberdeen, uma cidade-dormitório a cerca de 110 quilômetros de Seattle, no Estado americano de Washington.

Aos nove anos, seu pai, o mecânico Donald, e sua mãe, Wendy, se divorciaram. Kurt foi viver com o pai em um estacionamento de trailers. Cobain passou o resto da infância e da adolescência mudando-se da casa do pai para a dos avós ou a dos tios, tornando-se um jovem deprimido e introvertido.

"Lembro-me de me sentir envergonhado o tempo inteiro. Eu queria desesperadamente ter uma família nos moldes tradicionais", disse ele anos mais tarde em uma entrevista.

Aos 12 anos, ele viu fotos dos Sex Pistols em uma revista. Segundo ele, foi naquele momento que percebeu que queria ter uma banda de punk "antes mesmo de ter ouvido qualquer música punk". Dois anos depois, ganhou sua primeira guitarra.

Mas a vida de Cobain também foi marcado por presságios macabros. Aos 15 anos, ele fez um curto filme em 8 mm, chamado Kurt Commits Bloody Suicide ("Kurt Comete um Suicídio Sangrento", em tradução livre). Na fita, ele fingia cortar seus pulsos e se retorcia banhado em sangue. "Serei um superstar, me mato e entro para a história em uma chama de glória", teria dito ele a um colega de escola. 

O Nirvana foi formada em 1987, depois que Cobain se juntou ao baixista Krist Novoselic e o baterista Dale Crover para gravar uma fita demo. Em seguida, o grupo gravou um single de estréia e um álbum. Em 1991, a banda (já com Dave Grohl substituindo Crover) gravou o CD Nevermind, considerado a obra-prima do grupo.

Cobain e o Nirvana se viram, de repente, liderando o movimento que a mídia chamou de grunge, o misto de punk com o metal que trouxe um novo sopro de vida ao rock e que foi atribuído à cidade de Seattle.

Mas o sucesso repentino e suas conseqüências pareceram ter somente contribuído para aumentar as ansiedades e os conflitos internos de Cobain. Em sua carta de suicídio, ele também escreveu: "A verdade é que não posso enganar vocês. O pior crime que eu posso conceber é destruir as pessoas

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