Após 163 mil mortos, declaração do presidente sobre vacina chinesa causa revolta

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Publicado Terça, 10 de Novembro de 2020 às 10:17, por: CdB

Levando mais uma vez a questão do combate à pandemia para esfera da disputa política, Jair Bolsonaro disparou fake news em comentário no Facebook na manhã desta terça-feira, apontando diversos efeitos colaterais da vacina Coronavac e disse “mais uma que Jair Bolsonaro ganha", referindo-se ao governador de São Paulo, João Doria.

Por Redação - de Brasília, São Luís e São Paulo
Governador do Maranhão, o ex-desembargador Flávio Dino (PCdoB-MA) foi às redes sociais, nesta terça-feira, para condenar mais uma vez a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que comemorou o fato de a Anvisa ter suspendido os testes da vacina chinesa Coronavac. A decisão da agência foi levada aos tribunais.
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Governador de São Paulo, João Doria, mostra caixa da potencial vacina chinesa Sinovac
“163.000 mortos no Brasil. E Bolsonaro fala que ‘ganhou”’? Qual a vitória? O atraso de uma possível vacina? Bolsonaro continua a ser o maior aliado do coronavírus no nosso país.”, disse o governador.

Vacina

Levando mais uma vez a questão do combate à pandemia para esfera da disputa política, Jair Bolsonaro disparou fake news em comentário no Facebook na manhã desta terça-feira, apontando diversos efeitos colaterais da vacina Coronavac e disse “mais uma que Jair Bolsonaro ganha", referindo-se ao governador de São Paulo, João Doria, que iniciou a parceria com a fabricante chinesa Sinovac para produção da vacina. O comentário de Bolsonaro foi publicado em resposta a um usuário, que perguntou se o Brasil poderia comprar e produzir a vacina. "Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos toma-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", escreveu Bolsonaro, sem citar fontes ou referências científicas na sua afirmação.

Voluntário

A suspensão do teste clínico da vacina chinesa, no entanto, também levantou suspeitas no governo paulista de que o episódio seja usado politicamente para retardar o cronograma de aprovação do imunizante e a vacinação. O governo de São Paulo tomou conhecimento da suspensão do teste clínico, na véspera, por meio de nota, em horário nobre de noticiários de televisão, no mesmo dia em que pela manhã, o governador João Doria havia inaugurado as obras da fábrica de vacinas que produzirá em larga escala a Coronavac no Brasil, a partir de setembro do ano que vem. Doria também havia anunciado a chegada do primeiro lote da vacina com 120 mil das 6 milhões de doses prontas importadas da China, já a partir do dia 20 de novembro. Segundo a Anvisa, ocorreu a morte de um voluntário de 33 anos de São Paulo. Para o diretor do Butantan, Dimas Covas, todavia, o óbito não teve nenhuma relação com a vacina. Não há detalhes do ocorrido devido ao sigilo médico envolvido em ensaios deste tipo.

Efeito adverso

Autoridades paulistas temem que haja direcionamento político de ações da Anvisa na luta que Jair Bolsonaro move contra o governador de São Paulo. Negacionista em relação à pandemia e oponente ideológico à China, Bolsonaro colocou o governador de São Paulo e a vacina Coronavac no alvo de suas ações. Generaliza-se o temor de que  Bolsonaro use decisões técnicas para atrasar o cronograma de aprovação da vacina e da vacinação por motivos políticos. A Sinovac Biotech, que está desenvolvendo a Coronavac contra o coronavírus afirmou estar "confiante" na segurança de sua vacina. "O estudo clínico no Brasil é realizado estritamente de acordo com os requisitos e estamos confiantes na segurança da vacina", declarou a empresa em nota, depois que a Anvisa suspendeu os testes com a vacina alegando "efeito adverso grave”.
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