52 denúncias de abuso de autoridade e agressão são registradas por mês em MG

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado sexta-feira, 3 de outubro de 2003 as 01:23, por: CdB

Uma média de 52 denúncias de abuso de autoridade e de agressão são apresentadas mensalmente à Ouvidoria de Polícia do Estado.
 
Só nesta semana, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa recebeu três casos de espancamento, que também devem engrossar as estatísticas da Ouvidoria.

A denúncia mais grave foi feita pelo comerciante Leonardo Alves Soares, 25 anos, morador de Ibirité, brutalmente espancado no último domingo. Com três costelas quebradas, o rapaz disse que foi agredido por cerca de 30 minutos com chutes, socos e coronhadas.
 
O suposto autor seria o militar Walter Luiz de Miranda, lotado no 33º Batalhão da PM, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), segundo informações da Comissão de Direitos Humanos. No momento da agressão, o militar estaria embriagado e à paisana. O policial, conforme depoimento das vítimas, teria tido a ajuda de um outro homem, não identificado.

Walter Luiz, cuja a patente não foi informada, também é acusado de espancar Wellington Moreira, 21 anos, que teve cortes na cabeça e levou 13 pontos. Ele trabalha em um trailer de sanduíches no Bairro Lindéia, Região do Barreiro, em BH, de propriedade de Leonardo Alves.

As denúncias estão sendo apuradas pelo Ministério Público e pela Corregedoria da Polícia Militar. Os dois foram agredidos quando saíam do trabalho e o motivo seria o roubo de um celular de uma mulher que mora na região. O militar teria suspeitado que eles eram os autores.
 
– Mesmo depois que a mulher gritou dizendo que a gente não havia roubado o celular dela, o policial continuou dando chutes e socos – contou Leonardo Alves.

Pai de dois filhos, com sua esposa grávida de um terceiro, o comerciante disse que não consegue trabalhar por causa das fortes dores. O mesmo acontece com Wellington Moreira, que está com o rosto roxo por causa das agressões.
 
– Eu achei que ia ser morto, já que o policial estava armado e mesmo depois de ter me algemado ele continuou dando chutes –  declarou.

A outra denúncia apresentada ontem pela Comissão de Direitos Humanos teve como vítima a estudante R.N.A, 27 anos. Ela alega ter sido agredida por um tenente do 18º Batalhão da PM no último sábado, quando estava em uma feira no Bairro Eldorado, em Contagem, na RMBH.
 
A estudante, em depoimento ao Ministério Público, disse ter sido agredida quando foi pedir ajuda a uma viatura após ter sido ofendida moralmente por um rapaz que estava na feira.

Conforme a assessoria de imprensa da PM, única instância autorizada a se pronunciar em episódios desse tipo, as duas denúncias de violência estão sendo apuradas pela Corregedoria que, em 40 dias, deverá concluir os inquéritos.
 
Nesta sexta-feira à tarde, a Comissão vai divulgar uma nova denúncia contra um delegado, acusado de espancar cinco pessoas. As testemunhas dessa denúncia prestaram depoimento na última quinta-feira e as identidades delas estão sendo mantidas em sigilo.