A juventude rejuvenescida

É só olhar o encarte do último disco do Aerosmith, Honkin` On Bobo, que fica bem clara a situação desses cinqüentões. O cuidado (ou desespero) em aparentar a mocidade é algo gritante. Roupas coloridas e espalhafatosas, tintas de cabelo, maquiagens, e, obviamente, plásticas. A banda se encontra numa divertida luta contra o envelhecimento.
 
Mas se a idade pode ser fatal no visual, o oposto acontece com a qualidade musical. É só largar o encarte e ouvir o disco. E a mesma luta contra a decrepitude se repete, só que o resultado é bem melhor. O Aerosmith faz versões roqueiras de blues esquecidas, ou depositadas no limbo há décadas, bem acessíveis para jovens. Uma abordagem jovial para jovens, mas que acaba conquistando qualquer um que tenha bom ouvido.
 
Há pelo menos 10 anos, quando começaram a aparecer pelancas e os 50 se tornaram uma ameaça próxima, a banda começou a apostar em baladas. Desde Get a Grip (93), vimos uma série de baladas que impregnaram em discos como Nine Lives e Just Push Play (e mais umas trilhas sonoras de filmes). Nesse meio tempo, a banda lançou cerca de três coletâneas, um álbum duplo ao vivo, e relançou praticamente todos sua discografia, remasterizada. Em Honkin, temos uma única música inédita, que é justamente uma balada (só que boa, no nível das de Get a Grip), The Grind.
 
Honkin` On Bobo traz ainda a voz de Tracy Bonham em duas faixas. A cantora chegou a lançar alguns discos solo, mas todos foram ignorados pelo mercado que apostava na época numa intragável Alanis Morissette. A mesma coisa acontecia em Get a Grip com um ascendente Leny Kravitz.