A lenda de Audrey Hepburn completa 75 anos

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Publicado quarta-feira, 5 de maio de 2004 as 10:57, por: CdB

Se estivesse viva, Audrey Hepburn, a magreza traduzida em estilo e delicadeza aristocrática que cativou o mundo com os filmes A Princesa e o Plebeu e Bonequinha de Luxo, teria completado nesta semana, 75 anos. O aniversário relembra a eterna juventude desta atriz devota das causas humanitárias, que morreu de câncer em 1993.

No entanto, sua morte não chegou a diminuir a importância de sua imagem, imortalizada não só por uma vasta carreira no cinema, como por seu trabalho como embaixadora da boa vontade do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

“Minha mãe morreu em 1993 e ainda está em todos os lugares: na televisão, nos vídeos, nas revistas, nos livros”, confessa seu filho Sean, fruto do casamento da atriz com o também ator americano Mel Ferrer, descendente de cubanos.

Em sua última biografia, Audrey Hepburn, um Espírito Elegante, Sean Hepburn Ferrer resume o peso que sua mãe deixou na cultura contemporânea. “Falamos de alguém maior que sua própria vida. Alguém que pesava 50 quilos em um corpo de 1,70 de altura”, ressalta com bom humor nesta biografia.

Nascida em Bruxelas, filha de um rico banqueiro britânico e de uma baronesa holandesa, sua imagem e seu estilo sempre lembrariam essa classe e a elegância própria de suas origens, mas acompanhadas de uma grande humanidade.

Como seu filho insiste, trata-se de “uma grande atriz, uma mãe excelente e uma pessoa fervorosamente dedicada às causas humanitárias”. Hollywood não demoraria para descobrir “essa jovem por quem todos se apaixonaram” e que mudou seu nome de Edda para Audrey no início de sua carreira.

Foi um começo “real”, com o filme A Princesa e o Plebeu onde sua interpretação de uma princesa que foge de um palácio para conhecer a Roma popular lhe valeu o único Oscar de sua carreira.

Audrey também conquistaria os prêmios Tony de teatro, o Emmy de televisão e o Grammy na música (na categoria de contos lidos para crianças), sendo uma das quatro atrizes que realizou estes quatro feitos.

Mas sua filmografia brilha sem necessidade de prêmios, pois Audrey se tornou a musa de gerações graças a filmes como Sabrina, Minha Bela Dama, Uma Cruz à Beira do Abismo, Um Clarão nas Trevas e, sobretudo , Bonequinha de Luxo.

O compositor Henry Mancini reconheceu que o tema romântico deste filme, Moon River foi escrito para ela.

“Ninguém chegou a perceber isso”, declarou há anos o falecido compositor.

Fora os escândalos em sua vida, sua aura de respeitabilidade se estendeu a todas as pessoas próximas a ela, que se negam a violar a intimidade desta dama do cinema, inclusive depois de sua morte.

“Era uma pessoa maravilhosa. Qualquer lembrança sua é indelével. O mero fato de trabalhar a seu lado foi um prazer. Fomos amigos, muito amigos, mas nunca diria mais nada de nossa amizade”, declarou recentemente o ator Albert Finney sobre seu romance com Hepburn durante as filmagens de Um caminho para dois.

Sean reconhece este desejo de intimidade de sua mãe, que sempre preferiu manter sua vida afastada das câmeras. Por isso a própria Hepburn nunca quis escrever sua biografia. “Ela considerava que sua vida não era interessante”, diz seu filho.

Uma vida e uma lembrança agora preservadas na internet, onde a lenda de Hollywood conta com seu próprio endereço oficial www.audreyhepburn.com. A página é o reflexo da obra que leva seu nome, Fundação Audrey Hepburn, e que além de sua imagem, sua elegância e seu rosto de boneca, mantém vivo seu trabalho pela infância.

A meta da fundação para este ano é colaborar com a alfabetização das 120 milhões de crianças analfabetas no mundo, dois terços meninas.

Um problema que poderia ser solucionado, como lembra Sean Hepburn Ferrer, com uma verba equivalente “à despesa militar investida durante os três primeiros meses da guerra contra o Iraque”.