Se a cada dia basta o seu cuidado, a cada semana devemos ter sete cuidados - é o que recomendam especialmente os sete dias que começaram nesta segunda-feira e terminam domingo, com as prévias do PMDB, se prévias houver. Incapazes da boa articulação política, os líderes partidários emaranharam a sucessão de tal forma que seria conveniente apelar para a habilidade dos que já se foram, mas nem isso é mais possível, porque Chico Xavier também se foi. O fato é que estamos diante dos seguintes escolhos:
Verticalização - Em política todas as soluções podem parecer boas, mas muitas têm seu lado perverso. É esse o caso da verticalização das alianças. Seu caráter é arbitrário, antidemocrático e antifederalista. Basta compreender que a organização partidária, de acordo com a Constituição, se faz nos municípios, nos Estados e na União. As alianças partidárias significam partidos novos e eventuais, organizados em cada esfera federativa, em cada situação eleitoral própria, para atender aos problemas locais e à vontade de seus cidadãos-eleitores. Assim, conforme o rigor da lógica, não devem ser submetidas às conveniências dos candidatos presidenciais. Dessa forma, a decisão do TSE, em interpretação centralizadora da Constituição, merece, pelo menos, exame mais rigoroso, de acordo com a lógica jurídica e política. Tendo sido aprovada emenda constitucional, contrária à verticalização, não há por que submetê-la a outro poder: ela vigora no ato.
A liberdade de organização partidária deveria ampliar-se até a admissão de partidos municipais, como ocorre em tantos países da Europa. Mesmo em estados unitários, e não federalistas, (e nós somos uma federação) há partidos de caráter municipal e provincial. Quando a Constituição fala em "caráter nacional", não está dispondo sobre organização nacional. Os constituintes quiseram dizer, apenas, que um partido não pode ter sentido não nacional. Por exemplo, é inadmissível que haja, no Brasil, partido para defender etnias em particular, ou grupos de imigrantes de determinado país. Não é possível, por exemplo, aceitar que nos estados meridionais se articulem grupos de racistas, como fazem hoje, a fim de construir um partido europeu, visando à secessão do território brasileiro. Foi com o pretexto de que se tratava de uma seção de partido estrangeiro, que o STF cassou o registro do Partido Comunista, em 1947.
Mas a falta de uma definição, que muitos consideram desnecessária - posto que toda emenda constitucional se legitima por si mesma, dado o exclusivo poder constituinte do Congresso - dificulta os arranjos políticos para uma bem conduzida campanha eleitoral.
O confronto entre tucanos - No melhor de seus contos, O duelo, Guimarães Rosa define dois grandes contendores, dizendo que Cassiano Gomes, sendo mais jovem, é melhor tático, mas Turíbio Todo, mais velho, é melhor estrategista. Como a diferença de idade entre Serra e Alckmin é pequena, faz-se difícil saber qual o melhor tático, qual o melhor estrategista. Mas, se optar por permanecer em seu lugar, o de prefeito de São Paulo, Serra estará pensando mais na estratégia. Ele sabe que não lhe será tão fácil ganhar o pleito no primeiro turno, principalmente se for mantida a verticalização, e que talvez seja ainda mais difícil no segundo. Provavelmente, se fosse candidato a governador, suas chances seriam melhores, mas nada lhe garantirá a vitória no primeiro turno, sobretudo se Quércia mantiver a candidatura. E o segundo turno é outra eleição. Não há muito tempo mais para a decisão. Não será fácil essa decisão - e, como ocorre de ordinário, a briga entre o prefeito e governador deixará seqüelas. Qualquer que venha a ser a decisão que tomem, os tucanos começarão seu vôo com as asas parcialmente depenadas.
Prévias no PMDB - É difícil que os esforços dos senadores José Sarney, Renan Calheiros e Ney Suassuna, com o apoio militante do Sr. Geddel Vieira Lima, impeçam a candidatura