O governo basco sugeriu na terça-feira à guerrilha separatista ETA que abandone a violência, ampliando a pressão política sobre o grupo, já severamente enfraquecido.
O apelo foi feito depois que a polícia prendeu 17 supostos militantes do ETA no norte da Espanha. Só neste ano, mais de cem suspeitos foram detidos na Espanha e na França.
Cerca de 150 policiais prenderam uma rede que supostamente fornecia infra-estrutura, apoio e informações ao ETA, segundo as autoridades. "Eles formam os olhos e ouvidos dessa infra-estrutura (do ETA)", disse o ministro do Interior, José Antonio Alonso, a jornalistas.
O ETA ("Pátria Basca e Liberdade," no idioma basco) já matou cerca de 800 pessoas desde que surgiu, em 1968, mas nos últimos anos há sinais de que alguns de seus membros defendem abandonar a violência.
Havia especulações de que o proscrito partido nacionalista basco Batasuna -- apontado como braço político do ETA -- condenaria a violência em um aguardado anúncio no domingo.
Mas o Batasuna propôs apenas negociações de paz, de forma que o governo regional decidiu emitir seu próprio apelo ao ETA, segundo o vice-governador Miren Azkarate. O País Basco, no nordeste da Espanha, é governado pelo moderado Partido Nacionalista Basco.
- O ETA é conclamado a declarar publicamente ao povo basco que definitivamente abdica da violência para atingir seus objetivos políticos - disse Azkarate.
O Partido Socialista Operário Espanhol (governista) vem pedindo ao Batasuna que condene a violência, o que seria uma pré-condição para que ele seja novamente legalizado. A Justiça espanhola proibiu as atividades do partido em 2002, porque seus líderes se recusavam a condenar as ações do ETA.
Os políticos parecem estar se aproveitando da aparente fragilidade do ETA, grupo qualificado como terrorista por Espanha, União Européia e Estados Unidos.
Entre 2000 e 2003, a polícia deteve 650 membros ou colaboradores do ETA, a maioria na Espanha e na França. Nesse período, o número de assassinatos cometidos pelo grupo caiu de 23 para 3. Há 17 meses não há nenhum atentado com vítimas fatais.
No final de outubro, o ETA disse em carta à TV basca que estava aberto para negociações com Madri. Pouco depois, seis militantes presos teriam pedido ao grupo que abandone a luta armada.
O governo socialista, como seu antecessor conservador, descarta qualquer negociação com o ETA.