Encerrados os funerais do papa João Paulo II, as atenções do mundo se voltam para a escolha do sucessor do Pontífice. A tarefa caberá a 116 cardeais com idade inferior a 80 anos, que se reúnem a partir do dia 18 de abril, no Vaticano, a fim de deliberar e finalmente votar o nome do novo papa. A esse processo, que deve durar dois dias no mínimo, é dado o nome de conclave.
No dia 18, os cardeais realizarão pela manhã uma missa na basílica de São Pedro, a chamada missa votiva "Pro elegendo papa", e pela tarde se reunirão na Capela Sistina, para começar o conclave.
Segundo estabelece a constituição apostólica "Universi Dominici Gregis", sobre a eleição do novo pontífice, o conclave tem de ser realizado entre o 15º e o 20º após a morte do papa. O processo de escolha se dá tradocionalmente na Capela Sistina, e o voto é secreto.
Inicialmente, votariam 117 cardeais, porém até agora foi confirmada a ausência definitiva do filipino Jaime Sin, ex-arcebispo de Manila, que sofre de problemas de coração e de fígado.
Havia a possiblidade de um novo purpurado integrar o Colégio de Cardeais. João Paulo II chegou a nomear um religioso em segredo, sem nunca ter divulgado o nome em vida, provavelmente porque o novo cardeal seria proveniente de um país cujo governo está em conflito com a Igreja Católica (como é o caso da China). Especulava-se que a identidade do cardeal nomeado "in pectore" constava do testamento espiritual do Papa, porém isso não se confirmou.
No Palácio Apostólico já começou o que alguns meios definem como um "pré-conclave", com uma troca de opiniões sobre a situação da Igreja, a doutrina dela e os problemas que devem ser enfrentados.
Em meio à expectativa criada, os cardeais se transformaram nos alvos favoritos da imprensa, o que levou o alemão Joseph Ratzinger a pedir aos eleitores que não dêem entrevistas.
No entanto, alguns cardeais consideraram esse pedido muito rigoroso, já que desejam manter um diálogo fluido com a imprensa sobre certas questões.
Ratzinger conseguiu que os eleitores lhe garantissem que suas declarações se restringiriam ao pontificado de João Paulo II e, de forma alguma, mencionariam a eleição do sucessor.
O compromisso, como foi mostrado, é difícil de cumprir, pois o seleto clube cardinalício está no foco de todos os meios internacionais que invadiram Roma.
Assim, as entrevistas a jornais, rádios e televisões continuam depois da advertência de Ratzinger, com declarações que deixam entrever algumas das preferências dos purpurados.
Em algumas dessas declarações, o cardeal belga Godfried Danneels afirmou hoje que é necessário "um papa e um episcopado fortes", e detalha que as reuniões dos cardeais foram por enquanto "muito abertas e amigáveis".
"Até agora abordamos principalmente problemas administrativos. Na próxima semana entraremos nos problemas concretos", acrescenta o purpurado eleitor, antes de dizer que o objetivo será "fazer uma revisão da Igreja".
O cardeal italiano Ennio Antonelli, arcebispo de Florença, afirmou que, na sua opinião, o novo papa se movimentará "dentro das pautas traçadas por João Paulo II: atuação fiel do Concílio Vaticano II, unidade da Igreja na verdade e na caridade, evangelização e diálogo ecumênico".
Outros prelados também revelaram alguns dos critérios que serão considerados na hora de eleger o próximo papa, e nisso todos afirmam que serão guiados pelo Espírito Santo.
Em meio a declarações e advertências, as conjeturas e as apostas sobre quem será o próximo papa se multiplicam nestes dias, com cerca de dez nomes com mais destaque na imprensa.
Algumas pessoas afirmam que o próximo papa deve ser da América Latina, já que é o continente que abriga o maior número de católicos. Entre os indicados, aparecem os nomes do brasileiro Dom Cláudio Hummes, o hondurenho Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, o argentino Jorge Bergoglio e o mexicano Norberto Rivera Carrera.
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