As mulheres latinas, particularmente as brasileiras e argentinas, são as mais expostas a crimes sexuais no mundo. A informação faz parte do relatório O Estado das Cidades do Mundo: 2004-05, divulgado nesta terça-feira, pela ONU (Organização das Nações Unidas).
A América Latina registra os mais altos índices de crimes sexuais. Cerca de 70% dos casos de violência sexual são estupros, tentativas de estupro e outras agressões sexuais. O relatório critica a legislação brasileira, que considera o crime de violência doméstica penalmente mais leve do que uma briga na rua.
O documento também diz que os agressores são rapidamente soltos no Brasil e retornam às suas casas "somente para ameaçar a vítima para que não o denuncie novamente".
Prevenção
A recomendação é de que o Brasil dê mais poder às mulheres, promovendo a prevenção e a redução de sua exclusão social. A América Latina também possui os níveis mais baixos de pessoas que estão satisfeitas com a atuação da polícia. De acordo com a Pesquisa Internacional de Vítimas de Crimes, 70% da população está insatisfeita.
O documento diz que os policiais latinos são os que aparentam ter o maior envolvimento com subornos. O relatório também destaca os índices de criminalidade no Brasil, que cresceram muito nos últimos anos.
Entre os quase 30 mil homicídios registrados, a maioria estão ligados ao uso ou tráfico de drogas. A venda de drogas emprega cerca de 20 mil crianças ou jovens. Um "avião" (vendedor de drogas) ganha freqüentemente mais do que seus próprios pais.
Confiança
A América Latina também registra os índices mais baixos de confiança da população em pessoas e em instituições. Entre 1996 e 2003, a situação vem piorando em relação à confiança nas instituições públicas.
Os níveis de confiança vêm caindo gradualmente nesse período, de acordo com os dados coletados e apresentados no relatório. O Estado das Cidades do Mundo tem como objetivo analisar o impacto da globalização nas cidades, fazendo um retrato da sociedade tanto do lado econômico como cultural.
A idéia é fazer com que os dados apresentados no relatório sirvam como base para projetos que ajudem aos países cumprem as Metas do Milênio, desenvolvidas pela ONU. O documento vai ser discutido durante o Fórum Mundial Urbano, que está sendo realizado na cidade de Barcelona, na Espanha.