Rio de Janeiro, 03 de Dezembro de 2024

Censura ameaça os meios de comunicação dos EUA

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Sexta, 06 de Fevereiro de 2004 às 13:15, por: CdB

O escândalo gerado pela "exibição" do seio de Janet Jackson na televisão americana causou uma reação em cadeia que ameaça impor a censura não apenas na entrega dos prêmios Grammy, mas também no Oscar.
Personagem principal deste escândalo, Jackson deixou por iniciativa própria a lista de convidados à 46 edição do Grammy tentando evitar mais problemas.
Além disso, a organização aceitou impor um "decente atraso" na transmissão do evento, o que permitirá à rede de televisão CBS -que também exibiu o polêmico Super Bowl- eliminar qualquer conteúdo que possa ferir a moral dos espectadores.
A mesma medida será adotada durante a transmissão do All-Star Game da NBA em Los Angeles, uma semana depois.
Até mesmo a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que organiza a entrega do Oscar, não parece imune a esta epidemia de censura na TV.

A rede ABC, encarregada da transmissão da 76 edição do Oscar, está analisando a possibilidade de atrasar as imagens em alguns segundos para facilitar uma possível censura.

- A rede nos expressou com clarez sua preocupação, mas não estamos obrigados a nada - assegurou o diretor-executivo do evento, Bruce Davis.

Diferentemente de outras festas de Hollywood, a entrega dos Oscar é apreciada por ser transmitida totalmente ao vivo para todo o país, sem atrasos até no áudio.

No entanto, isto pode mudar depois do escândalo gerado no domingo passado pelo seio direito de Jackson, que ficou exposto diante das câmaras.  Inicialmente, o episódio foi descrito pela artista como um "problema da roupa", mas Jackson depois admitiu tudo estava armado e pediu desculpas ao país.

O incidente, que teve uma audiência de 90 milhões de espectadores, está sendo investigado pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) e poderia custar milhões de dólares em multas às redes de televisão envolvidas na transmissão.

A polêmica também atingiu outros momentos do Super Bowl, como no caso do cantor Kid Rock, que utilizou a bandeira americana como camiseta, ou do rapper Nelly, que colocava as mãos em suas virilhas constantemente.

Além disso, a rede NBC decidiu retirar a imagem do seio de uma mulher de 80 anos em um episódio da série "Plantão Médico" que seria exibido hoje.

- Embora acreditemos que a imagem é apropriada em seu contexto, infelizmente o clima criado esta semana torna muito difícil sua exibição - informou a rede.

Esta onda de decência está gerando críticas por aqueles que pensam que o assunto está indo longe demais e que pode ter repercussões não desejadas.

Como disse Davis em nome da Academia, a imposição de um atraso na exibição do Oscar, por mais rápido que seja, pode resultar em uma censura por razões ideológicas.

-Alguém pode decidir que intervenções como o discurso de Michael Moore do ano passado são inadequadas, e não queremos esse tipo de censura - afirmou Davis em referência às palavras deste cineasta contra o governo de George W. Bush e a invasão do Iraque ao receber o Oscar de melhor filme documentário.

Outros veículos destacaram esta mesma preocupação, como é o caso das revistas "Variety" e "The Hollywood Reporter", ambas indignadas pela onda de censura e seu efeito na liberdade de expressão.

- As ramificações desta nova censurar em televisão não podem ser boas. Por um acaso significa que alguém pode cortar o discurso de Moore no Oscar? - pergunta a "Variety".

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