Os números relacionados à contaminação por agrotóxicos no primeiro semestre do ano impressionam, saltando de 19 para 182, o que representou um aumento de mais de 950% em relação ao mesmo período em 2023.
Por Redação – de Brasília
O relatório encaminhado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), nesta terça-feira, às duas Casas do Congreso trazem dados preliminares do mapa anual sobre conflitos no campo, realizado pela organização em conjunto com o Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc).
Os números relacionados à contaminação por agrotóxicos no primeiro semestre do ano impressionam, saltando de 19 para 182, o que representou um aumento de mais de 950% em relação ao mesmo período em 2023.
Valéria Santos, coordenadora nacional da CPT, afirma que apenas no bioma Cerrado foram identificados cinco tipos de agrotóxicos altamente contaminantes em águas de cisternas e cacimbas utilizadas sobretudo por comunidades rurais, quilombolas e indígenas.
Armas químicas
Além desse ‘envenenamento’ silencioso, ela alerta para uso de agrotóxicos como armas químicas contra essas comunidades e como forma de expulsá-las de seus territórios.
— Em 2021 e 2022, houve um ataque químico numa comunidade em Buruticupu, no Maranhão, onde foi pulverizado agrotóxico em cima da comunidade. Então várias pessoas ficaram com queimaduras na pele, com coceira. Em Cocalinho, em Guerreiro, em várias comunidades do Maranhão, o pessoal tem percebido um adoecimento muito grande de pele, problema de vômito, diarreia, relacionados à questão dos agrotóxicos — relata a representante da CPT.
Santos afirma, ainda, que mesmo nos locais em que não são atingidas diretamente pela pulverização aérea de veneno, as comunidades têm enfrentado dificuldades para o cultivo de alimentos pelo nível de contaminação.