Depois de quatro meses recebendo pesadas críticas de membros do próprio partido, a Comissão Executiva do PT resolveu tomar providências. A direção do partido deve reunir os "dissidentes" - a senadora Heloisa Helena (AL) e os deputados João Batista Babá (PB) e Lindbergh Farias (RJ) - para que dêem explicações sobre sua oposição declarada à reforma da Previdência. O encontro deve acontecer no próximo dia 12 e os parlamentares podem ser submetidos ao Conselho de Ética do PT ou até mesmo sumariamente expulsos. - Como o conselho de ética demanda um processo mais demorado, podendo levar uns cinco meses, o governo ficaria todo esse período sendo sangrado pelas críticas dos rebeldes. Então, eles podem simplesmente ser expulsos por prejudicarem diretamente o partido - explica um dirigente petista. As críticas constantes às decisões do governo Lula, como a nomeação de Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central, os aumentos da taxa de juros e o reajuste considerado pouco significativo no salário dos servidores, puseram a ala mais radical do partido em rota de colisão com a direção do PT. A cúpula petista vinha considerando uma punição há algum tempo. A reunião de Heloísa Helena e Lindberg no Rio de Janeiro com o presidente do PDT, Leonel Brizola, para participar de uma frente contra a cobrança dos inativos, incluindo uma ação judicial contra o governo, foi considerada a gota d'água pela cúpula governista. Ao saber da convocação o deputado Babá, ocupou imediatamente a tribuna da Câmara, na quarta-feira, para um discurso inconformado - Em 22 anos de partido, nunca fui chamado para participar de reunião nenhuma da direção. Agora, me convocam para que me explique ao conselho de ética e posso até ser expulso. E posso ser expulso porque defendo as posições que sempre foram do partido, de proteger os trabalhadores - protestou o deputado. Babá reclamou também da advertência feita diretamente pelo presidente, no almoço de terça-feira, com a bancada de deputados. Na ocasião, Lula disse que Babá só aparecia no Jornal Nacional porque criticava o governo. - Ele me criticou e acho que está equivocado. Não vamos recuar nas críticas à proposta de reforma previdenciária. Queremos que os servidores façam greve e que sejam cobrados impostos sobre grandes fortunas e sobre o capital - disse.
Cúpula petista reúne dissidentes para punições
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Sexta, 02 de Maio de 2003 às 10:21, por: CdB