A mancha resultante do vazamento de rejeitos químicos da Indústria Cataguazes de Papel e Celulose, em Minas Gerais, chegou na manhã desta quarta-feira a Campos, nas águas do Rio Paraíba do Sul. Com isso, já são sete os municípios atingidos pelo desastre ecológico e mais de 550 mil pessoas estão sofrendo com o corte do abastecimento de água. Os rios Pomba e Paraíba do Sul, em território fluminense, receberam um volume de resíduos tóxicos calculado em 1,2 bilhão de litros, com a formação de uma mancha de cerca de 50 quilômetros de extensão. Segundo a Cedae, a partir do final da tarde desta quarta-feira, foi interrompida a captação para São João da Barra. Também já deixaram de consumir água do Rio Pomba, 39 cidades da Zona da Mata de Minas Gerais, cuja captação foi igualmente interrompida. O vazamento começou na madrugada de sábado, mas só no domingo à noite chegou ao conhecimento da governadora Rosinha Garotinho que, de imediato, mobilizou as secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, de Defesa Civil, de Agricultura e outros órgãos estaduais para socorro às áreas atingidas. Nesta quinta-feira, a governadora irá à região acompanhar de perto os trabalhos que vêm sendo realizados. O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Luiz Paulo Conde, seguiu para Santo Antônio de Pádua no início da manhã de segunda-feira, quando se instalou na área uma força tarefa especial para atendimento às populações atingidas, mobilizando cerca de 150 homens, sendo 100 da Defesa Civil, e 50 da Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (Feema). Além desses, outros órgãos também foram mobilizados entre eles a Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), a Delegacia de Polícia de Meio Ambiente (DPMA), a Secretaria de Agricultura Abastecimento Pesca e Desenvolvimento Interior, o Corpo de Bombeiros e a Emater, entre outros. O secretário Conde autorizou a perfuração de oito poços artesianos para o abastecimento dos municípios atingidos, enquanto a Feema estabeleceu um monitoramento de hora em hora da qualidade das águas dos rios afetados. A Secretaria de Defesa Civil, através do Corpo de Bombeiros, está utilizando 100 homens dos quartéis das regiões atingidas e do Grupamento de Produtos Perigosos, mais seis carros-pipa de 30 mil litros para ajudar o abastecimento dos municípios. No início da semana, o secretário de Defesa Civil, coronel Carlos Alberto de Carvalho, chegou a ir ao local de origem da ocorrência e sobrevoou toda a área para se certificar da extensão do vazamento e orientar as prefeituras sobre a necessidade de suspensão do abastecimento de água. A Secretaria de Agricultura iniciou levantamento das áreas agrícolas e de atividades agropecuárias da região, a fim de adotar procedimentos preventivos. O secretário de Agricultura, Christino Áureo, considera que o setor mais prejudicado é o da piscicultura, mais diretamente atingido pelo envenenamento de peixes em grande quantidade. Preventivamente, foram interrompidas as atividades agroindustriais às margens dos rios Pomba e Paraíba do Sul. A Procuradoria Geral do Estado ajuizou ação cível pública contra a Indústria Cataguazes, pleiteando indenização pelos danos causados ao meio ambiente da região e à população dos municípios ribeirinhos. Acidente semelhante já ocorrera na mesma indústria, há cerca de 10 anos, quando a razão social era então Indústria Matarazzo de Papel e Celulose. Naquela ocasião, o vazamento atingiu 10 milhões de litros, segundo o Secretário Geral do Consórcio do Rio Pomba.
Desastre ecológico já afeta vida de mais de 550 mil pessoas
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Quarta, 02 de Abril de 2003 às 20:40, por: CdB