Rio de Janeiro, 02 de Novembro de 2024

Garis garantem a ceia de Natal com doações da população

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Sexta, 27 de Agosto de 2004 às 18:05, por: CdB

 Com carisma e bom desempenho, os garis da Servi Flu ganham presentes e agrados dos moradores do município de São Gonçalo. Eles denominam "boca de latão" a estes objetos doados, que variam desde relógios até geladeiras. Entretanto, os garis adotam nomes engraçados também para os seus companheiros.
 
Na empresa, eles somam 170 funcionários que se dividem entre coleta de lixo e conservação das ruas. Além de exercerem suas funções na empresa, muitos são músicos ou tocam algum tipo de instrumentos; outros são cantores; e existem ainda os pastores evangélicos.
 
A maioria ganha apelidos e às vezes, o próprio colega não sabe como o outro se chama. Mais conhecido como "Beto Bola", Roberto Martins já participou de um programa de TV. Famoso entre os amigos é funcionário desde janeiro de 2001 e afirma que já achou uma pulseira de ouro no lixo.
 
- O termo boca de latão é tudo que se acha ou ganha durante o nosso trabalho. Eu tenho amigos aqui na empresa que já acharam muita coisa mesmo. Semana passada uma colega achou um celular que ainda estava na caixa - diz Roberto satisfeito, que não trabalha mais coletando lixo nas ruas.
 
Funcionário desde abril, José Carlos da Silva, 28 anos, ganhou muitos presentes dos moradores do Colubandê, região onde trabalha. Em quatro meses diz que fez muitos amigos e garante que a solidariedade é maior nos bairros mais carentes. Onde a população tem melhores condições, existe muito preconceito.
 
- Em tão pouco tempo na empresa, os moradores já me presentearam com relógio e televisão. Hoje mesmo ganhei um ventilador novinho que só precisava de uma limpeza - explica.
 
As caixinhas de Natal também são fartas. Alguns garis levam para casa, cerca de R$ 3 mil, para comemorarem as festas de fim de ano com a família. Maria Claudia de Oliveira, 35 anos, que também já foi coletora, afirma que não precisava comprar roupas para os filhos nesta época do ano.
 
Mas nem tudo são flores. Eles reclamam da falta de conscientização das pessoas que não separam seus lixos. Muitas vezes eles acabam se cortando com latas e garrafas que não são descartadas corretamente.
 
- Nosso trabalho é muito gratificante, recebemos ajuda de muitas pessoas, mas gostaríamos que continuassem nos ajudando e separando o seu lixo - explica Beto Bola.

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