Quando o Iraque invadiu o Kuwait, no começo da década de 90, o raciocínio norte-americano era de que se nada fosse feito, haveria uma nova e terrível logística no mercado de petróleo mundial. Saddam Hussein avançaria e tomaria os campos de petróleo orientais da Arábia Saudita e estaria sob o poder do ditador a maior parte do petróleo imediatamente disponível no mundo.
A idéia de que a América precisaria negociar e aceitar as condições de Saddam quando o assunto fosse o ouro negro, era assustadora.
George W. Bush sabia que o exército americano indo para a guerra contra uma nação árabe seria terrível para a imagem da América no mundo muçulmano.
Num primeiro momento, o que se pensou foi apenas defender a Arábia Saudita, ou os campos de petróleo sauditas. Mas quando todos os esforços de diplomacia e conversações se enceraram, os EUA resolveram invadir o Kuwait para livrá-lo da ocupação iraquiana.
A Casa Branca tinha certeza de que, com o fim da guerra, o próprio exército iraquiano se livraria de Saddam, depois que sua fixação por expandir os territórios do Iraque terminou com na morte de centenas de milhares de mortos, sem contar os outros milhares da recente terminada guerra contra o Irã. O contrário disso aconteceu.
No período pós-guerra, ele usou suas unidades sobreviventes da Guarda Republicana para massacrar os iraquianos que haviam ficado contra ele, os xiitas no sul e os curdos no norte.
As forças dos EUA ainda estavam nos arredores do Iraque, mas ficaram apenas observando a carnificina. Os xiitas até hoje se lembram dos incentivos dados pelos norte-americanos para que se levantassem contra o regime de Saddam, mas lembram também que os yankees nada fizeram quando eles estavam sendo massacrados.
Saddam não foi tirado do poder porque não era interessante para os Estados Unidos naquele momento.
George W. Bush se apoiou na idéia de que as nações árabes com grande número de tropas lutando na coalizão contra o Iraque (Arábia Saudita, Edito e Síria) não tinham interesse em ver tropas americanas ocupando um país árabe.
Um outro ponto era a escolha entre ter Saddam no poder e ter os xiitas, que sendo maioria, assumiriam o controle e instalariam um governo pró-Irã e anti-americano.
Há análises que dizem que, na verdade, os Estados Unidos não tiveram "peito" para arcar com uma invasão ao Iraque. O presidente George W. Bush carrega até hoje uma sombra no que diz respeito à sua competência para destituir Saddam no momento que fora mais propício para isso.
Um bom motivo teria sido salvar os xiitas e curdos do morticínio e atacar a Guarda Revolucionária do Iraque. Isso ganharia o apoio da própria coalizão árabe e do resto do mundo. E o cálculo da Casa Branca de que o ditador cairia sem a ocupação de Bagdá poderia ter se tornado verdadeiro.
Uma vez que os Estados Unidos nada fizeram, Saddam Hussein permaneceu no poder.
Guerra do Golfo. Quando Bush "pai" perdeu a chance de tirar Saddam do poder
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Sexta, 02 de Julho de 2004 às 00:09, por: CdB