O Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul divulgou, nesta segunda-feira, em "Carta aberta à sociedade gaúcha", o seu repúdio às "terriveis condições de trabalho" impostas aos profissionais naquele estado. Leia a íntegra do documento: "Carta aberta à sociedade gaúcha "Os jornalistas gaúchos através de sua entidade de classe, o Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, mais uma vez precisam vir a público para denunciar as terríveis condições de trabalho impostas pelas empresas aos seus funcionários, e as relações antidemocráticas estabelecidas com toda a sociedade. "Sem possibilidade de tornar conhecidas as indignas condições salariais e de trabalho, os jornalistas do Rio Grande do Sul necessitam, de tempos em tempos, furar este bloqueio de silêncio estabelecido pelos proprietários dos meios de comunicação. Isto acontece para que a opinião pública saiba que os empresários do setor econômico mais lucrativo, atualmente, pagam os salários mais baixos do país, num Estado que assume o segundo lugar em capacidade produtiva e, portanto, de circulação de capital. Empresários estes que alardeiam a modernidade de seus parques industriais e ignoram os benefícios trabalhistas mais banais como horas extras, jornadas de trabalho, folgas e planos médicos. "As tentativas para a realização de acordos anuais têm sido sistematicamente boicotadas de uma maneira arrogante e irresponsável. Arrogante porque ignora a importância destes trabalhadores para a existência destas empresas e para a garantia de seus próprios lucros, e irresponsável porque, comprometendo a capacidade de sobrevivência dos jornalistas, compromete ainda mais a qualidade da informação que chegam à sociedade. As propostas dos empresários do setor nos últimos anos beiram a galhofa quando, longe de acenar com algum ganho compatível com sua crescente lucratividade, apontam sempre para perdas nas conquistas históricas, já consolidadas há décadas. "Escorados numa política nacional de arrocho promovida pelo governo FHC e protegidos por uma prática de completa desregulamentação por parte da Justiça do Trabalho, principalmente em Brasília, os empresários de comunicação se movimentam como novos senhores feudais. Donos de seus servos, senhores da lei e da justiça e defensores arreigados de seus interesses privados, estes senhores só temem um ao outro. Resultado: a lei do silêncio sonega à sociedade qualquer informação que vá contra os seus interesses. Isto é antidemocrático e inconstitucional. "Diante disto o Sindicato dos Jornalistas do Estado, com o apoio da Federação Nacional dos Jornalistas, da Central Única dos Trabalhadores, do Sindicato dos Radialistas e de dezenas de outros sindicatos de trabalhadores torna público esta situação que compromete perigosamente a qualidade do jornalismo gaúcho. Os empresários precisam exercer suas responsabilidades sociais a invés de desrespeitar seus colaboradores e a sociedade gaúcha."
Jornalista do Sul protestam contra falta de democracia nos jornais brasileiros
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Terça, 14 de Agosto de 2001 às 17:41, por: CdB